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O colecionador Ciro Marques é pumeiro de carteirinha, mas possui outras antiguidades na garagem | Daniel Castellano/ Gazeta do Povo
O colecionador Ciro Marques é pumeiro de carteirinha, mas possui outras antiguidades na garagem| Foto: Daniel Castellano/ Gazeta do Povo

"A organização em Antonina não deve nada a de outros encontros de antigos. Temos apoio da prefeitura local e a receptividade acalorada da cidade."

Ciro Marques, colecionador de carros antigos, com a autoridade de quem participou de inúmeros eventos, como os encontros paranaenses de Guarapuava, Foz do Iguaçu e Lapa, além dos tradicionais de Araxá (MG), Poços de Caldas (MG) e Águas de Lindóia (SP).

"Antonina combina com antiguidade. É um cenário perfeito para o encontro, com seus casarios antigos."

Clotário de Macedo Portugal Neto, 74 anos, proprietário de um Pontiac 1949.

Motor beleza

É uma das premiações que integram o encontro de Antonina. Como o próprio nome já diz, a originalidade e a conservação do propulsor serão os quesitos avaliados. Os carros mais bonitos, divididos por décadas, também concorrerão a brindes. A programação terá ainda encontro de motocicletas, atividades artísticas e músicas regionais.

Mais informações

(41) 9982-7111 ou pelos e-mails luizhenrique@gmail.com e lhwithersw@hotmail.com.

  • Os integrantes do Puma Clube têm lugar cativo ao lado da praça central para o festejado churrasco
  • O Cadillac Eldorado 1953, do empresário Marcus Conte, é uma das relíquias que estarão no evento

Daqui a três dias o colecionador de carros antigos de Curitiba Ciro Marques, 64 anos, porá fim à ansiedade que o acompanha nos últimos meses. No sábado pela manhã, a bordo do seu Puma GTB 1980 verde, ele irá descer a serra com outras duas dezenas de pumeiros rumo a Antonina, cidade do litoral paranaense que neste fim de semana será palco do 11.º Encontro de Veículos Antigos e Especiais. O evento é considerado o mais importante do gênero no estado e é bastante aguardado pelos adeptos do antigomobilismo.

Frequentador assíduo – bate cartão desde a terceira edição –, Marques não vê a hora de expor seu xodó na "Avenida do Samba" (Dr. Carlos Costa) e de começar a sentir o cheirinho do famoso churrasco que organiza no local com os integrantes do Puma Clube do Paraná, do qual foi presidente. "A participação dos pumeiros começou como uma brincadeira no cantinho da praça (Cel. Macedo). Eram dois ou três carros. Hoje passamos de vinte e ganhamos um lugar especial para estacionar os veículos e fazer o nosso churrasco", destaca.

A expectativa pelo encontro é tamanha que o grupo já garante presença com três meses de antecedência. E não por meio da inscrição, que pode ser feita nos dias do evento ao custo de R$ 25, mas pelas reservas antecipadas em hotéis da cidade. O acontecimento atrai muita gente – só de expositores são quase 300 –, que acaba pernoitando em Antonina para aproveitar os três de confraternização e programação intensa. No sábado à noite, por exemplo, haverá um jantar com show musical à beira da piscina no Hotel Gamboa (R$ 40 por pessoa).

Funcionário público aposentado, Marques sempre participou do encontro com um Puma – além do GTB, ele tem na garagem um GTC 1982, um AM3 1992 e um AM1 1989. Este último é o mais raro, pois foi uma das 21 unidades da versão que saíram da fábrica de Curitiba. A capital paranaense recebeu o esportivo nacional numa segunda fase de produção, de 1988 a 1990. A coleção dele ainda contempla dois exemplares da Gurgel – BR 800 1989 e XEF 1982 (único em Curitiba) –, um Santa Matilde 1990, réplicas do Mercedes-Benz 1929 e do Alfa Romeo 1931, e um MP Lafer 1977, este também especial por carregar o estepe pelo lado de fora (na parte traseira), uma vez que os modelos convencionais levam o pneu socorro dentro do bagageiro.

Outro que não perde uma ida a Antonina nessa época do ano é empresário Marcus Vinícius Conte, também de Curitiba. Proprietário da Phoenix Studio, empresa de restauração e venda de veículos clássicos, o colecionador costuma levar para o encontro carros que acabara de finalizar a revitalização. "Participo há sete anos deste evento e também viajo para outros pelo planeta. Em Antonina não há tanto modelos exclusivos, porém os carros se destacam pelo bom estado de conservação", ressalta. Nesta edição, Conte levará dois exemplares de Cadillac Eldorado. Um de 1956 e outro bastante raro, um de 1953, que teve apenas sete unidades importadas para o Brasil, num total de 532 unidades produzidas pela marca.

Organizado pelo MP Lafer Auto Clube do Paraná, o En­­contro de Veículos Antigos e Especiais atrai entusiastas de todo o Paraná e também de es­­­­tados vizinhos, como São Paulo, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Além do Puma e do próprio MP Lafer, participam os clubes do Miura, Fusca, Mus­­­tang, Fordinho, Opala, Che­­vette e representantes do Museu do Automóvel de Curitiba e Veteran Car Club.

OriginalidadePontiac 1949 atrai pela beleza e raridade

Foto: Vandir Ribeiro de Souza

Pela terceira vez em Antonina um veículo em particular atrairá a atenção do público não só pela beleza e imponência, mas também pela raridade. O Pontiac 1949 de cor creme e capota preta (foto) integra o grupo das relíquias presentes no evento. O sedã pertence ao desembargador Clotário de Macedo Portugal Neto, de 74 anos, de Curitiba, e, segundo ele, é o único modelo conversível no Brasil. "Eu nunca vi outro e olha que participo de vários encontros pelo país", salienta o dono.

Adquirido em 1970, o carro passou quatro anos sendo restaurado para manter a originalidade. "A única coisa que substitui foram os parafusos", se orgulha Neto, que mateve o "toldo", como ele chama a capota, com o sistema hidráulico composto por dois amortecedores, responsável por abrir e fechar o teto retrátil.

O colecionador ainda possui um Chevrolet Bel Air 1954, de duas portas, e um Ford 1928 "Baratinha", que ficou famoso por possuir um banco traseiro do lado de fora da cabine, batizado de "Banco da Sogra". Mas o Pontiac é seu grande amor sobre rodas. Ele conta que certa vez uma pessoa de Brasília (DF) veio a Curitiba disposta a comprar o sedã. "Faça o preço que eu volto com o carro", disse o pretenso interessado, que recebeu como resposta: "Este carro não tem preço, você vai voltar a Brasília como veio."

Veste a camisaSucesso da organização passa por um "miureiro"

Foto: Arquivo pessoal

Um dos segredos pelo sucesso do encontro em Antonina está, principalmente, na organização, muito elogiada por todos que prestigiam o evento. A responsabilidade é do MP Lafer Auto Clube do Paraná, mas há aqueles que vestem a camisa e acabam se tornando indispensáveis para que tudo ocorra dentro do programado. Quem for à exposição neste fim de semana irá de se deparar logo no portal de acesso à "Avenida do Samba" com Vandir Ribeiro de Souza, mais conhecido no meio por Wando.

Ele é um desses que "dão o sangue" pelo encontro. Desde o primeiro, em 2002, está na organização. É também entusiasta por carros esportivos. Já teve quase todos os modelos produzidos no Brasil, como Karman Ghia, SP2, Puma e Miura. Este último, por sinal, é o seu antigo do momento. Adquiriu em 2000 um Miura X8 1988 (foto) e virou um miureiro – como são conhecidos os donos deste modelo. De lá para cá fez algumas modificações no veículo. Já o pintou duas vezes, refez o motor uma vez (hoje um propulsor 2.0 turbo), atualizou as rodas para aros cromados de 18", adicionou amortecedores a gás, sais laterais, black light, ponteiras cromadas e estofamento de duas cores. "O carro já ganhou vários prêmios pelo país", destaca Wando, que também é presidente do Clube do Miura de Curitiba.

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