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Eliana Azevedo dos Santos Ferreira busca o seu Renault Logan na concessionária. Ela optou por um veículo com mais itens de conforto | Priscila Forone/ Gazeta do Povo
Eliana Azevedo dos Santos Ferreira busca o seu Renault Logan na concessionária. Ela optou por um veículo com mais itens de conforto| Foto: Priscila Forone/ Gazeta do Povo

Do outro lado

Chineses fazem carros completos

Separar o veículo dos acessórios tem dado às montadoras a oportunidade de atingir públicos diversos. Já as marcas chinesas seguem na contramão, mas com o mesmo objetivo de conquistar consumidores. Elas começaram a chegar em 2007 e oferecem veículos por preços acessíveis e que ainda trazem uma série de itens de conforto e segurança.

Com esse agrado, os asiáticos também tentam vencer a desconfiança do brasileiro. O consumidor está acostumado com a ideia de que da China só vêm mercadorias falsificadas e de qualidade duvidosa.

Fábio Alencar Schneider, professor do curso de Engenharia Mecânica da Universidade Positivo, diz que esse é um mercado recente e que deve ser observado com cuidado. Ele lembra que a manutenção de um carro depende de uma rede de oficinas especializadas. No caso de o veículo chinês precisar de reparos, o consumidor terá poucas opções de autorizadas e também não vai encontrar uma rede de autopeças.

Para Schneider, é preciso levar em consideração como a manutenção será feita e por quem. "O motorista vai pagar preço de peça importada e tem que saber como vai encontrar essa peça". Se existe apenas um fornecedor, o preço cresce, completa.

Sai na frente na briga pelo consumidor a montadora que consegue oferecer preço competitivo. Por isso, as propagandas estão cheias de números que fazem brilhar os olhos de quem está em bus­­ca de um carro novo. Mas quan­­do sai de casa para ir à concessionária o comprador deve ficar ciente de que dificilmente vai sair da loja pagando só aquele valor anunciado. Pagar o preço de entrada significa, na maioria dos casos, levar um carro sem conforto nem personalização.

Há casos em que o preço pode ficar até 50% maior quando o motorista opta por todos os equipamentos e acessórios disponíveis. Mas não é preciso ir tão longe. O consumidor já vai ter de desembolsar um valor a mais se quiser ter no seu carro o que muitos chamam de acessório, mas que na verdade pode ser considerado essencial para circular com o mínimo de comodidade.

Foi isso que fez com que Eliana Azevedo dos Santos Ferreira decidisse trocar de carro. Ela usava um Renault Clio sedã 1.0 que só tinha ar quente e desembaçador traseiro. Em junho ela comprou um Re­­nault Logan, mas desta vez optou pelo motor 1.6 e o carro ainda tem ar-condicionado, direção hidráulica, travas e vidros elétricos, farol de neblina e computador de bordo. O novo carro custou cerca de R$ 36 mil, enquanto o preço de entrada do Logan é R$ 26.490.

O gerente de Vendas da concessionária Fórmula Renault, Marcelo Oliveira, diz que a marca oferece, entre seus pacotes de opcionais, o Pack Plus (ar quente, desembaçador e limpador traseiro), que custa R$ 1 mil. Segundo ele, são itens que podem ser considerados im­­pres­­cindíveis no clima de Curitiba, tanto que apenas 3% dos carros vendidos saem da concessionária sem este pacote. Oliveira lembra que quem compra o Clio não precisa adquirir o Pack Plus porque o modelo vem de fábrica com ar quen­­te e desembaçador, mas sem limpador traseiro.

Ter um preço de entrada e de­­pois vender um carro por um valor até 50% maior não é má fé do fabricante, salienta Fábio Alencar Schnei­­der, professor do curso de Engenharia Mecânica da Universi­da­de Positivo. Existe uma situação de mercado que comporta isso. Ele lembra que a montadora precisa ficar atenta ao preço por causa da concorrência. Além disso, o carro ficou mais acessível, inclusive para a população de baixa renda. E completando esse triângulo, os opcionais evoluíram e encarecem o preço. Então, para ganhar mercado, os fabricantes retiram esses itens, praticam preços competitivos e vendem os acessórios.

Schneider dá uma dica ao consumidor e sugere que a compra dos opcionais seja bem planejada. "O motorista deve definir o que vai querer colocar em seu veículo e fazer isso na hora da compra", com­­pleta. Colocar depois, no mercado paralelo, não é recomendado porque o veículo pode não estar preparado para receber os acessórios. Ainda é preciso levar em consideração que determinados opcionais podem encarecer a manutenção no futuro, aponta o professor.

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Interatividade

Quais acessórios oferecidos pelas montadoras que fabricam modelos populares deveriam ser itens de série nos veículos?

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