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Do sinal verde ao fim do retão de 402 metros são apenas 6s080. Tempo suficiente para Alejandro Sanches, 38 anos, experimentar sensações que vão da ansiedade na hora de arrancar, passando pela adrenalina ao atingir a velocidade de 385 km/h, a apreensão quando o carro começa a tremer, como se quisesse levantar vôo, até o alívio com a abertura do pára-quedas a poucos metros da curva.

Por alguns instantes, o argentino, que vive em São Paulo, deixa de lado o paletó de empresário do ramo de bebidas energéticas para colocar o macacão de piloto do veículo mais rápido do país. À bordo de seu dragster, um verdadeiro "foguete" de 2.700 cavalos e 18,7 metros de comprimento, especialmente montado para corridas de curtíssimas distâncias e que chama a atenção pelo formato pontiagudo, ele crava o novo recorde da reta do Autódromo Internacional de Curitiba, em Pinhais.

A marca foi obtida no domingo passado durante a 5.ª e última etapa do Paranaense de Arrancada. Na bateria anterior, Sanches já havia feito 6s177, 0s050 mais rápido que o seu próprio recorde, em 2004. "Aqui é o único lugar no país aonde consigo atingir esta performance. Nenhuma outra reta tem a extensão suficiente que permite atingir 385 km/h e depois realizar a desaceleração com segurança", destaca Sanches.

O empresário diz que compete por diversão, mesmo tirando do bolso os quase R$ 5 mil por corrida que mantêm seu dragster em condições de disputa – o Arrancadão ainda é um campeonato amador, apesar de possuir uma estrutura profissional organizada pela Força Livre Motorsport. Como ele, centenas de outros cidadãos comuns pelo menos um fim de semana por mês largam as tarefas diárias e transferem para o acelerador toda paixão e a adrenalina pela velocidade.

A estudante de jornalismo, Cíntia Faria de Cristo, de 21 anos, é um desses exemplos. Há dois anos ela era apenas mais uma das mais de 30 mil pessoas que prestigiam o evento a cada etapa. Mas torcer não era o suficiente. A curitibana queria sentir o fascínio de ouvir o ronco do motor e toda aquela fumaça saindo dos pneus lado a lado com um concorrente. Em 2004, dirigindo uma Mercedes SLK 230, ela chamou a atenção ao terminar a 4.ª etapa do Paranaense com o 9.º melhor tempo entre 90 participantes na categoria Desafio – única das 22 modalidades voltada exclusivamente aos carros "comuns" de rua.

Hoje, dirige uma picape Montana turbinada, com 218 cavalos, e é conhecida no mundo da Arrancada pela impressionante marca de 0s02 no tempo de reação – período entre o acender da luz verde e início do movimento de largada.

Na Desafio vence quem mais se aproxima do tempo dos 15 segundos ao fim dos 402 metros, sem baixar esse tempo (a partir daí pra menos muda-se de categoria, pois os propulsores já são mais envenenados). O curitibano Alberto Glaser, de 35 anos, é literalmente o campeão em andar colado aos "15 cravados". O empresário do setor de equipamentos musicais levou o título paranaense deste ano por antecipação com o seu Ford 37, preparado com motor Chevrolet 350 V8 de 290 HP. Modelo, aliás, que ele herdou do avó. "Apesar de amador, me sinto como um profissional. O meu Street Road tem a alma de corrida, utilizo equipamentos de piloto como capacete e macacão e ainda por cima tem um público que gosta de mim, que me pede autógrafo. Este é o meu maior troféu", salienta.

Entre os dias 1.º e 4 de dezembro Sanches, Cíntia e Glaser mais uma vez deixarão de lado a rotina do dia-dia para um novo encontro com a adrenalina e a velocidade. Nesse período ocorre o Festival Força Livre de Arrancada, o maior evento da categoria, que reunirá em Curitiba 500 competidores de todo o país.

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