O Leaf é a porta de entrada da Nissan no segmento de carros elétricos no Brasil. Até o momento a marca recebeu 15 confirmações de reserva (com sinal de R$ 5 mil) do seu carro movido 100% a bateria.
Ele estreia nas lojas na virada do semestre, com pré-venda aberta desde o Salão de São Paulo 2018, em novembro passado.
O número pode parecer tímido, mas para a marca japonesa é a certeza de que o consumidor estaria disposto a trocar o seu carro a combustão por um modelo eletrificado, como apontou um levantamento encomendado pela montadora em alguns países da América do Sul, especialmente o Brasil (leia mais abaixo).
Só que não caberá ao Leaf a tarefa de tentar repetir o bom desempenho de vendas que a Nissan registra ao redor do mundo com a tecnologia verde - a empresa é a líder mundial em vendas de veículos elétricos.
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Nissan / Divulgação
Esta missão será do Kicks e a sua variação híbrida, que deve estrear no Brasil entre 2020 e 2021. A montadora planeja eletrificar o crossover, usando a tecnologia e-Power, empregada na minivan compacta Note.
O modelo compartilha a mesma plataforma do Kicks e foi o carro mais vendido no país oriental em 2018. Há 50 anos, a Nissan não colocava um modelo seu no topo do ranking geral no mercado japonês.
O segredo do sucesso está justamente no inovador sistema, que possibilita ao Note alcançar a incrível marca de 37 km/l. O modelo combina o motor 1.2 tricilíndrico, que alimenta uma pequena bateria de 1,5 kW. Esta por sua vez envia energia para um propulsor elétrico, de 110 cv, localizado no eixo traseiro e encarregado pela propulsão.
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O sistema é um pouco diferente do híbrido convencional que conhecemos, no qual o motor elétrico move o veículo em baixa velocidade e o combustão entra em operação quando o velocímetro sobe ou surge uma subida pela frente.
No e-Power, é o elétrico que funciona o tempo todo, porém sempre com motor a combustão alimentando a pequena bateria.
Nissan / Divulgação
Kicks híbrido terá força e ótimo consumo
O Note já roda em testes no país como cobaia para a viabilização do Kicks híbrido. Com a nossa gasolina (que mistura 27,5% de etanol), é provável que ele não passe dos 30 km com 1 litro de combustível, mesmo assim desbancaria de longe o Toyota Prius, que faz 18,9 km/l e é o carro mais econômico por aqui.
Considerando os 41 litros de capacidade no tanque, o modelo seria capaz de atingir cerca de 1.200 km de autonomia sem reabastecimento.
Apesar da cavalaria pouco empolgante do motor 1.2 - abaixo dos 114 cv do Kicks 1.6 atual -, o torque impressiona, despejando 25,9 kgfm de força, bem acima dos 15,5 kgfm do crossover e equivalente ao do Golf 1.4 TSI (turbo), que é de 25,5 kgfm.
Tracionado pelo motor elétrico, o comportamento do carro é ágil, com respostas rápidas nas acelerações. Já o propulsor a gasolina funciona a uma velocidade baixa e constante, privilegiando a eficiência no consumo e o menor ruído.
A Nissan não deu pistas se usará o mesmo motor do Note, nem se terá a opção flex. É provável que a tecnologia venha importada do Japão, o que deverá inflacionar o preço da versão - o Kicks está disponível atualmente entre R$ 73.990 e R$ 101.390.
Contudo a novidade será mais acessível que o Leaf, que custa R$ 178,4 mil, beneficiado pelo custo de fabricação mais reduzido da bateria menor (ela equivale a 5% do tamanho da bateria do Leaf) e também pela produção nacional na planta de Resende (RJ).
Imagem vale mais que vendas
A Nissan afirma que não está preocupada com uma possível barreira nas vendas imposta pelo preço do Leaf. Para o diretor de Marketing da Nissan América Latina, Juan Manoel Hoyos, num primeiro momento a ideia no Brasil é atrelar a imagem da marca à tecnologia limpa.
“Por ora, não olhamos os números de vendas. Sabemos que os elétricos não são veículos de massa e que no Brasil atenderá a um nicho. Mas constatamos que os clientes estão ansiosos para comprar um modelo elétrico", salientou o executivo durante a etapa chilena da Fórmula E, realizada no fim de janeiro, em Santiago. A competição mundial envolve monopostos puramente elétricos e que ganhou a presença da equipe Nissan neste temporada.
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Um estudo realizado pela empresa C230, a pedido da montadora, mostra que 80% dos entrevistados (num universo de quase 6 mil pessoas) estariam dispostos a comprar um carro elétrico, motivados, principalmente, pela redução da poluição ambiental e menor custo no abastecimento quando comparado aos combustíveis fósseis. A questão preço, contudo, foi deixada de fora da pesquisa.
As pessoas consultadas apontaram como entrave para a ‘popularização’ do segmento a dificuldade em encontrar pontos de recarga e a autonomia limitada para o deslocamento diário - o Leaf circula por até 363 km com uma carga.
Nissan / Divulgação
Hoyos acredita que a demanda maior de usuários forçará não só os governos mas também a iniciativa privada a criar condições para que o segmento se desenvolva, investindo em infraestrutura para suprir as necessidades dentro ou fora das cidades, com mais pontos de recarga em locais públicos.
Na visão dele, é uma questão de tempo e conhecimento para que Brasil acompanhe as mudanças já vistas em mercados desenvolvidos. Para o diretor, a motorização elétrica é um caminho sem volta e está cada vez mais presente na vidas das pessoas. Ele cita o caso da Noruega, onde o carro mais vendido em 2018 por lá foi o Leaf.
Concorrência baixará o preço
Quanto à duração da bateria, o executivo lembrou que a evolução tem sido rápida e logo alcançará desempenho similares a de veículos a combustão. O Tesla Model 3, por exemplo, já passa dos 500 km de autonomia sem precisar recarregar.
Em relação ao preço, Hoyos afirmou que irá baixar no futuro próximo. Hoje em dia a etiqueta equivale a de SUVs de médio e grande porte em boa parte do mundo.
“[A redução] não será só com incentivos tributários dados pelo governo, mas, principalmente, pela concorrência, com um número maior de marcas oferecendo modelos elétricos”, destacou.
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Essa queda, segundo ele, chegará a patamares de preços inferiores a de carros tradicionais já em meados da próxima década. Reflexo de um custo de homologação cada vez mais elevado para o veículo a combustão e do custo menor na produção de baterias (um dos itens que mais encarecem o veículo), avaliou o diretor.
Sobre o preço ‘salgado’ do Leaf, Hoyos lembrou que não se trata apenas de um carro elétrico, mas também de um modelo que entrega um nível de tecnologia compatível a modelos topo da gama da marca. “O que há de mais atual em inteligência da mobilidade desenvolvido pela Nissan está disponível no Leaf”, justificou.
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