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O novo Volkswagen Jetta, que já é um dos sedãs mais vendidos no Brasil, custa a partir de R$ 65.755 e no mercado americano foi lançado por US$ 15.995, cerca de R$ 25.100 | Fotos: Arquivo
O novo Volkswagen Jetta, que já é um dos sedãs mais vendidos no Brasil, custa a partir de R$ 65.755 e no mercado americano foi lançado por US$ 15.995, cerca de R$ 25.100| Foto: Fotos: Arquivo
  • O Fiat Punto na Itália custa o equivalente a R$ 31.800
  • Na Espanha, o preço do Citroën C4 seria em torno de R$ 35.800
  • Peugeot 408 começa em R$ 59.990 no Brasil e R$ 39.700 na Argentina

A economia globalizada não tem impedido que o consumidor brasileiro pague altos valores pelos carros fabricados fora do país. Al­­guns modelos custam o dobro – em determinados casos quase o triplo – do preço do automóvel comercializado no Brasil em relação a países como Estados Unidos, México, Argenti­na e outros da União Europeia. O motivo deste enorme abismo tem explicação: a carga tributária nacional.

"A diferença é a alta carga de tri­­butos cobrada no Brasil", afirma Alexandro Marchini, empresário do setor de exportação de au­­tomóveis e proprietário da Ri­­mini Trading, empresa de as­­ses­­soria nos processos de importação e exportação.

Alguns veículos podem exem­­plificar perfeitamente a disparidade de valores nos diversos mercados mundiais. O novo Volks­wagen Jetta, com motor de 2.0 de 115 ca­valos e câmbio ma­­nual, foi lançado nos Estados Unidos por US$ 15.995, aproximadamente R$ 25.100. O mesmo carro, no Brasil, parte de R$ 65.755, quase o triplo do valor. Outro caso emblemático é a picape Toyota Hilux 4X2 cabine du­­pla que aqui custa R$ 73.766 e é vendida por 88.100 pesos na Argentina, equivalente a cerca de R$ 60 mil. (Conheça ou­­tros casos no box ao lado)

Para importar um automóvel, os empresários do setor e as montadoras chegam a pagar mais de dez tarifas, entre tributos governamentais e taxas. So­­mente em impostos são cinco co­­branças; Im­­posto de Importa­­ção (II), Im­­posto Sobre Produtos Industriali­za­­dos (IPI), Programa de Integra­ção Social (PIS), Contri­­buição para o Financiamento da Segu­ridade Social (Cofins) e Im­­posto sobre Circulação de Merca­­dorias e Serviço (ICMS). (Confira no quadro ao lado)

Para encarecer ainda mais o preço final do carro, os tributos são cobrados em cascata, ou seja, o IPI incide sobre o valor do carro mais o II. Já o PIS é calculado le­­vando em consideração o preço do veículo com os dois primeiros impostos. E assim consequentemente até o ICMS, último da lista, que é cobrado sobre o valor do produto acrescido de todos os outros tributos. O II não é cobrado de carros exportados de países que têm acordo comercial com o Brasil.

"A base de cálculo é imposto sobre imposto. A forma de co­­brança é absurda. Quando chega ao final, a cobrança do ICMS, o preço já está uma bomba", diz Marchini. "Pode colocar uns 70% do valor do carro somente em impostos para a importação", reforça Olivier Girard, consultor do setor automotivo, infra-estru­­tura,transportes e logística e só­­cio da consultoria Macrolo­gís­tica.

Em outros países, a carga tributária é bem menor, o que re­­sulta em preços menores ao consumidor final. Na Espanha, por exemplo, representa 13,8%; na Itália, 16,7% e nos Estados Uni­dos, apenas 6,1%.

"Não existe previsão de mu­­dar, já que a receita representa muito para o governo", ressalta Mar­chini. "Ainda mais agora que o governo está querendo cortar o consumo", complementa Gi­­rard.

Infraestrutura

Além da lista de tributos cobrada pelo governo, o importador ainda precisa pagar algumas tarifas como taxa portuária, frete e se­­guro internacionais, taxa da Ma­­rinha Mercante e despachante. Os gargalos de infraestrutura no Brasil, como deficiência dos portos e estradas em péssimas condições, também contribuem para aumentar os preços.

"Os portos não são ideais, já que a maior parte só recebe na­­vios menores, o que faz com que o valor do frete seja diluído em uma quantidade menor de automóveis", explica o consultor.

Outro fator que influencia no valor final é as modificações que as montadoras fazem para deixar os veículos nas condições ideiais para dirigibilidade no Bra­­sil, conhecido pelo setor co­­mo ‘tropicalização dos automóveis’.

Posicionamento

O consumidor também preciso arcar com o lucro do fabricante. Depende do posicionamento do mercado e da imagem que a mon­­tadora quer dar ao modelo, o preço pode ser de carro de luxo aqui, enquanto é o considerado veículo de entrada em outros paí­­ses. Por exemplo, enquanto na América do Norte um auto­mó­­­­vel como o Jetta e o Honda Civic são de entrada, no Brasil atendem o mercado de alto pa­­drão. "Como, geralmente, esse tipo de veículo é vendido para con­­sumidores abastados, as concessionárias aumentam a margens de lucro", diz Girard.

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