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Túmulo estava protegido por uma muralha dupla construída em uma colina artificial | MENAHEM KAHANA/AFP PHOTO
Túmulo estava protegido por uma muralha dupla construída em uma colina artificial| Foto: MENAHEM KAHANA/AFP PHOTO

No início da década de 90, um carro despertava a cobiça dos brasileiros apaixonados por automóvel. Era sinônimo de esportividade, inovação e também status, já que o alto preço fazia dele um desfrute para poucos. Estamos falando do Gol GTi, o primeiro modelo nacional com injeção eletrônica.

O veículo, montado na carroceria quadrada, antecessora do formato "bolinha", vinha impulsionado por uma moderna motorização 2.0, do Santana, que permitia respostas suaves, eliminava o afogador e resultava em generosos 117 cv. Atingia 185 km/h de velocidade máxima e fazia de 0 a 100 em 8,8 s.

Apresentado pela primeira vez no Salão do Automóvel, em 1988, três anos mais tarde ganharia uma reestilização frontal, com faróis mais achatados que valeram o apelido de frente chinesa. Não demorou para que formasse uma legião de fãs, loucos para dirigir a esportivo da Volkswagen. Um desses admiradores era o curitibano Fernando de Almeida, à época curtindo a juventude e já alimentando o sonho de um dia ter um Gol GTi na garagem.

Quase duas décadas se passaram até que o desejo virasse realidade. Em 2004, depois de uma incessante busca, conseguiu localizar pela internet um exemplar azul, ano 91. "Queria que fosse o azul Mônaco, pois era a cor tradicional", conta o hoje coordenador de mercado, de 37 anos.

Fernando só não imaginava que a sua paixão pelo carro pudesse se transformar em obsessão, um requisito básico para se chegar a colecionador. Surgiu o desejo incontrolável de adquirir outro modelo, com outra cor. Veio então o vermelho, ano 92, comprado em 2005. "Pertencia a uma mulher que iria se casar e precisava vender o veículo", lembra.

Mas ele não estava satisfeito. Precisava incluir na sua recém-criada coleção dois exemplares com pintura amarela e branca pérola, as mais raras e valorizadas da versão. No ano passado, encontrou o amarelo, ano 93. "Fui buscar em Campinas (SP). Acredito que seja o único GTi amarelo inteiro e original no Brasil", ressalta. É provável que a sua crença esteja correta, pois no fim do mês passado recebeu a visita de um colecionador de Natal (RN) disposto a fazer uma proposta irrecusável pela relíquia. "Disse a ele que existia uma pressão da família para não me desfazer do carro. Porém, sua resposta foi a de que possui um excelente remédio para esse tipo de pressão", recorda Almeida.

O pretendente veio, viu e adorou. Mas percebendo o carinho e a ligação do dono com o veículo desistiu da compra. "Acabamos virando grandes amigos", conta o proprietário, admitindo que só abrirá mão do carro por uma quantia acima de R$ 35 mil.

Em janeiro deste ano chegaria o GTi branco pérola, ano 94. Curiosamente o curitibano foi aumentando sua coleção em seqüência, de acordo com o ano de fabricação dos carros. Ele admite se tratar de uma casualidade, o que valoriza ainda mais a sua pequena frota. Em breve, a coleção deverá ficar completa com a aquisição das outras cores que faltam do modelo: cinza andino, cinza chumbo, vinho e o preto sólido. "Hoje eu estou mais para ampliar a coleção do que para me desfazer dela".

Outro motivo que torna os "brinquedinhos" de Fernando praticamente inegociáveis tem 7 anos de idade e atende pelo nome de Lucas. "Meu sobrinho pegou um carinho imenso pelos modelos. Tem o seu predileto, o azul, e às vezes toma banho com o logo do GTi fixado na testa", conclui o jovem colecionador.

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