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Larson Orlando (1º plano) e Reinaldo Rodrigues com suas relíquias | André Rodrigues/ Gazeta do Povo
Larson Orlando (1º plano) e Reinaldo Rodrigues com suas relíquias| Foto: André Rodrigues/ Gazeta do Povo

História

Derivada do ‘Zé do Caixão’, perua saiu de linha em 81

Baseada no Volkswagen 1.600, que no Brasil ganhou o apelido de ‘Zé do Caixão’, a Variant chegou ao mercado em 1969 e teve um irmão menor, o TL. Dois anos depois do seu lançamento, a perua passou por uma reestilização frontal, que a deixou mais quadrada e caiu no gosto do público, tornando-a um sucesso de vendas.

A partir de 1974, com a introdução da linha Passat no Brasil, o modelo passou a perder espaço entre o público, o que foi agravado pelo lançamento da Brasília, um ano depois. Em 1976, ela ganhou uma segunda versão, chamada de Variant II, um projeto totalmente nacional e também com motor refrigerado a ar. Nesta época, o modelo concorria com a Belina II, da Ford, e a Caravan, da Chevrolet. No entanto, a produção acabou descontinuada em 1981 com a vinda da Parati.

  • Os donos mantêm a originalida­­de do modelo quarentão
  • Os donos mantêm a originalida­­de do modelo quarentão

Coincidência ou destino são palavras que passaram a ser constantes na vida do construtor Reinaldo Rodrigues Neto e do funcionário público Larson Orlando, de Curitiba. Amigos há dois anos, curiosamente eles comemoram o aniversário no mesmo dia, 8 de junho. Mas essa amizade se fortaleceu quando um Volkswagen Variant, ano 1973, na cor amarelo Safari, surgiu na vida deles. Com um intervalo de poucos meses, ambos viraram proprietários da perua quarentona, porém, cada qual com a sua relíquia na garagem. Colocada uma ao lado da outra, a diferença só é perceptível pela placa. São dois modelos idênticos, adquiridos na capital paranaense, o que deixa a dupla ainda mais rara.

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A busca pelo carro levou tempo e apresentou alguns percalços pelo caminho. Ao longo de um ano, Rodrigues procurou por um modelo como esse, exatamente igual ao que tivera na década de 1980. Ele garimpou por anúncios na internet e viajou para cidades do interior de São Paulo, percorrendo mais de 500 quilômetros só para ver se ao menos uma das peruas vendidas se encaixava com a sua desejada. Mas todas as viagens foram em vão.

Até que um dia, há cerca de seis meses, Rodrigues descobriu que uma pessoa em Curitiba estava vendendo uma Variant igual àquela que almejava, e ainda com quilometragem de seminova. "Eu já tinha um Passat 78 e procurava uma Variant amarela. Além de estar em ótimo estado, ela tinha só 76 km rodados", lembra o proprietário.

Já Orlando não teve a mesma dificuldade para achar o modelo. Durante um churrasco, os amigos souberam que alguém queria desfazer-se de uma Variant, também de 1973 e com a mesma cor amarela. Na hora, o funcionário público encheu os olhos: "Quando vi o carro do Reinaldo, eu já me encantei. E assim que soube que outra pessoa possuía um do mesmo ano e da mesma cor, fui olhar de perto", conta. Resultado: depois da visita, ele o arrematou na hora.

Mas ao contrário de Rodrigues, o caso de amor de Orlando pelo antigomobilismo é recente, fruto da convivência próxima com o amigo, a quem considera como pai. "Eu aprendi a gostar de carros antigos com o Reinaldo. E o que mais despertou o meu interesse foi o cuidado que ele tem com cada um dos modelos", diz o funcionário público. Por enquanto, o construtor possui apenas a Variant e o Passat, mas, assim que puder, planeja levar para casa um Fusca 1972.

Carinho

Por terem mais de 40 anos de fabricação, veículos como esses exigem uma cautela maior dos proprietários. Enquanto estão na garagem, eles ficam protegidos por uma capa e praticamente não saem para a rua em dias de chuva, o que evita a ferrugem na lataria. "De vez em quando, eu tiro a capa só para ficar olhando e encerando", esmera-se Rodrigues, que em breve atestará a originalidade do seu xodó com uma placa preta, passo já dado por Orlando.

Não à toa, automóveis similares à Variant, em bom estado de conservação e praticamente originais, custam em média de R$ 35 mil a R$ 40 mil – o mesmo preço de um carro popular zero quilômetro. Com um motor de 1,6 litro refrigerado a ar localizado na traseira, a perua desenvolve até 65 cv de potência. As marchas têm um engate mais justo e a embreagem apresenta um tempo diferente dos carros que eles usam no dia a dia: um Fiat Idea, no caso de Orlando, e um Toyota Hilux, no de Rodrigues. Mas na hora de passear, não há dúvidas de qual carro eles irão tirar da garagem.

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