O fim de semana significa para muitos a oportunidade de viajar com a família, passear no parque, ir ao estádio de futebol ou pegar um cineminha. Há pessoas, no entanto, que aproveitam o sábado e o domingo para cumprir um outro ritual: o de lavar o carro.

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Provavelmente você conhece alguém com essa mania – um vizinho talvez – que todo o fim de semana está lá, passando horas a polir e encerar o automóvel. Se não conhece, é fácil identificá-lo. São aqueles que não gostam que as pessoas apóiem qualquer parte do corpo no capô do veículo ou comam dentro do carro. Fumar, então, passa a ser risco de morte. Para essa categoria de motoristas, cuidar do automóvel é mais do que uma necessidade, é puro lazer.

O analista de planejamento Helmo Busani, de 39 anos, é um fiel representante deste grupo. Ele possui dois carros e alterna a lavagem dos veículos nos fins de semana. Num domingo é o Chevrolet Astra 2.0, no outro o Volkswagen Gol 1.6. Detalhe: os dois modelos, ano 2003, são na cor prata, o que ajuda a manter o visual mais limpo. "É difícil eu pular uma semana sem limpar um dos carros", observa.

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Morador do bairro Cristo Rei, em Curitiba, ele confessa ser um "lambedor" de carro desde 7 anos. O hábito e as técnicas de lavar foram herdados do avô. "Ele me ensinou a limpar a soleira das portas, que muitos esquecem e acaba enferrujando com o tempo; e a encontrar as sujeiras que ficam escondidas. Ao passar dos anos trocava uma lavagem por uma volta de carro no quarteirão. Fiz o mesmo com o meu pai", recorda Busani, que organiza seus acessórios de limpeza em uma caixinha. Para o analista não existe hora para dar um trato no automóvel. Certa vez, ao voltar de uma "noitada", não pensou duas vezes quando viu a falta de brilho na sua condução. "Peguei um pano e comecei a lustrar. Era quase quatro da manhã. Às vezes lavo à noite durante a semana, depois que a minha mulher vai dormir", relata.

Todo o lavador de carro "apaixonado" evita entregar os cuidados do seu mimo para outras mãos. É caso do empresário, Aislan Vinícius do Amaral, de 22 anos, residente no Boa Vista. Ele só leva o seu Mitsubishi Eclipse, ano 95, a uma lava car em último caso. "Até tenho convênio com um posto, mas é apenas para uma duchinha quando volto de viagem e o carro fica muito sujo", ressalta. Amaral tem receio que produtos inadequados venham a danificar a pintura vermelha ferrari da seu possante 2.0 16V turbinado. "Depois que fiz espelhamento no carro, só utilizo xampu neutro para não perder o brilho", enfatiza o curitibano, que nunca abre mão de um aspirador de pó e de hidratar freqüentamente os bancos de couro. "Até querosene passo no pneu para tirar o encardido".

Terapia

Os vizinhos de Jair Ribeiro de Lima, no Jardim Antares, em São José dos Pinhais (na Grande Curitiba), ficam impressionados com o zelo que o autônomo, de 41 anos, tem com o seu Volkswagen Polo, de cor preta. Todo domingo, após o café da manhã, ele segue o mesmo ritual. Pega os produtos de limpeza e vai para a frente da casa tirar o acúmulo de sujeira do veículo. A "terapia", segundo ele, não demora mais do que 40 minutos e não falha um fim de semana. Se chover, não lava. Porém, durante a semana vai a um lava car para jogar água e no domingo seguinte completa o serviço em casa. Não gosto de sujeira. Tenho vergonha de andar com o carro sujo", revela Lima, que se orgulha do aspecto impecável do seu Polo 2002. "Parece até que é zero quilômetro", compara.