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“Acredito”: petismo com banho, tosa e lacinho de fita na cabeça
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Depois de Bruno Borges, o Menino do Acre, descobrimos Tábata Amaral de Pontes, a Menina do Acredito. Curiosamente, as histórias contadas por ambos são tratadas como “não-ficção”, uma prova definitiva de que o Brasil é mesmo o país do faz-de-conta.

O Acredito se apresenta como um “movimento”, mas até agora só parece ter movimentado as contas bancárias de alguns bilionários e o Programa do Bial. O grupo, que lembra um casting de figurantes de Malhação, não pode reclamar da falta de Big Brothers. A dúvida é quem está com o controle remoto.

Os jovens do movimento culpam “homens brancos e velhos do Congresso” e a “herança escravocrata e patriarcal” pelos problemas da população, como se o petismo não tivesse governado o Brasil por intermináveis treze anos, de 2003 a 2016, deixando como legado a pior crise econômica de todos os tempos, 15 milhões de desempregados, 60 milhões de inadimplentes, queda de mais de 7 pontos no PIB nos últimos dois anos, inflação de dois dígitos e os maiores escândalos de corrupção do planeta.

Os graves problemas do Brasil, veja você, não foram resolvidos pelos dois presidentes-cotistas, o “primeiro operário” e a “primeira mulher”. Pelo contrário, foram agravados, deixando um rombo nas contas públicas e uma crise institucional que podem levar gerações para ser remediados. Nada mais velho que o novo petismo, este que muda de roupa e finge que a crise não é com ele.

Nada mais velho que o novo petismo.

As entrevistas, postagens e vídeos do Acredito têm a profundidade de trabalhos escolares de ensino médio, repletos de platitudes e frases soltas que acabam revelando o esquerdismo enrustido dos seus membros.

O Acredito sugere que devemos aproveitar as boas idéias da esquerda e da direita, mas até agora, em dezenas de aparições e publicações, ainda não se viu uma única idéia que possa ser classificada como liberal clássica ou “de direita”.

O discurso do Acredito parte da premissa de que se deve apoiar “o que dá certo”. Ele se coloca acima das ideologias e dos “extremismos”, como os positivistas, progressistas, comunistas e pragmáticos do séc. XIX. Karl Marx, auto-intitulado criador de uma teoria científica da história, defendia que quem se colocava contra o socialismo era alienado ou representante da classe dominante. Já concordar com Marx era apenas se render aos fatos e à razão. O Acredito, ao que parece, acredita que essa tática é nova.

O “novo centro”, representado atualmente no mundo por Emmanuel Macron, Justin Trudeau e Barack Obama, é o centro da esquerda depois de um banho de loja. Em seus programas e eventos, o Acredito mostra militantes cenográficos que lêem textos que seriam tranquilamente assinados por Marcelo Freixo, Randolfe Rodrigues ou Alessandro Molon, o que também ajuda a explicar o sucesso do grupo em telas globais. Ele se apresenta como um “MBL progressista“, o que deveria encerrar qualquer polêmica sobre sua orientação ideológica.

Já o MBL original, o Vem Pra Rua, o Revoltados On Line, entre outros grupos da sociedade civil que colocaram o país nas ruas em 2015/16 pedindo impeachment e fizeram história, que contam com milhões de seguidores nas redes sociais e representatividade de verdade, não aparecem nos telejornais, programas de entrevista ou capas de revista. Eles são, tirem as crianças da sala, “de direita”. Assim como a maioria da população brasileira, a mesma que o ativismo de butique diz querer representar.

O rosto mais conhecido desta nova coleção de movimentos esquerdistas prét-à-porter é Ilona Szabó, a líder do Instituto Igarapé, ONG que os maledicentes apelidaram de “Igarapó”. Com as FARCs virando partido na Colômbia e Narcos estourando em audiência no Netflix, a TV aberta e os bilionários “libertários” não poderiam ignorar a oportunidade. Entre os financiadores do Igarapé, George Soros, Google Brasil e Fernando Henrique Cardoso, político que sempre serve de inspiração para quem quer fazer a cabeça da população sobre as drogas (veja a lista completa aqui).

O Acredito é, diga-se, um fruto previsível da geração Y, ou Millennials, a mais mimada, confusa, auto-indulgente, auto-centrada, insegura e carente que se tem notícia. É também a geração nem-nem, com milhões de jovens que nem estudam e nem trabalham, convencidos de que não têm oportunidade porque o governo ainda não socializou os meios de produção ou que são vítimas de “preconceito”. No próximo artigo, analisarei as principais “idéias” do movimento e de seus líderes.

Os bilionários que bancam movimentos de esquerda não podem sequer ouvir em diminuir o tamanho do estado, este companheiro sempre disposto a criar regulações, barreiras e impostos que praticamente impedem o empreendendorismo e o surgimento de negócios inovadores que possam colocar seus impérios em risco.

Nada mais barato para um bilionário do que acertar com o líder do governo que haja apenas “mercados regulados”, pão e circo, para que tudo continue como está. Infelizmente nunca haverá falta de jovens de miolo mole para fazer figuração neste roteiro macabro que eterniza os pobres na pobreza, um ciclo que se quebra com mais liberalismo e não menos.

Você pode acreditar tanto em Bruno Borges quanto em Tábata Amaral de Pontes, mas só a última quer ser presidente do Brasil. Num segundo turno entre os dois, meu voto é do Menino do Acre. Ele pelo menos vai sumir de vez em quando.

Aprendendo com debates muito necessários sobre educação, desigualdade, nossa juventude e nosso país no #Diá…

Posted by Tábata Amaral de Pontes on Friday, July 7, 2017

 

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