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Arquivo pessoal da autora
Arquivo pessoal da autora| Foto:

Saudações!

Nasci no dia 05 de setembro de 1972, na maternidade Nossa Senhora de Fátima. Peso e altura normais para um bebê.
Aos dois anos, fui internada por complicações de uma infecção intestinal que resultaram em perda de peso. Medicada com fortificantes pelos próximos dois anos, aos seis, já mostrava os primeiros sinais de sobrepeso. Mas e dai né? Quando ela crescer, ela estica e emagrece, diziam os parentes…

Arquivo pessoal da autora

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Mas não foi bem o que aconteceu… Cresci sim e também continuei engordando. Desde que me entendo por gente me recordo de me sentir gorda ou de saber que eu comia demais. Fofinha, gordinha, cheinha eram apelidos gentis na minha infância.
Na escola, nunca era escolhida para nenhum time na aula de Educação Física e não conseguia correr na mesma velocidade que minhas colegas. Era sempre a amiga dos meninos, vestia o que cabia e era constantemente comparada a minha irmã, uma beldade esguia e loira.
Tomei minha primeira fórmula para emagrecer aos 18 anos. Fiquei parecendo uma vara seca. Parei. Engordei. Voltei a tomar remédio. Parei. Engordei.
Conheci todos os métodos de emagrecimento existentes na face da Terra: Dieta da Lua, Dieta da Água, Dieta dos Pontos, Dieta da Banana, Dieta da Nasa…
Fiz terapia, acupuntura, ginástica e promessa para todos os santos que sabia! Ah! Tomei a água de arroz da simpatia do Chico Xavier também!

Passei por situações que ninguém imagina! Numa loja de roupas, perceber a vendedora torcer o nariz porque não tinha roupa do meu tamanho. Num voo lotado, sentir que as pessoas não queriam que fosse eu a compartilhar a fileira. Numa lanchonete, levar um doce à boca e ver aquelas caras e bocas de reprovação. Nunca encontrar uma roupa sexy. Chegar na academia, ser medida de cima a baixo e pedir para se abrir um buraco no meio do chão. Ser ponto de referência: perto daquela mulher gorda. Achar que você não arruma namorado porque ninguém sai com gordinhas, e se sai, ficar insegura, achando que ele vai encontrar alguém mais bonita e te largar. Ser argumento de piadas. Esforçar-se para ser a melhor em tudo, para tentar compensar… Ser a mais simpática da turma, a “engraçada”…
Não importa se você é a melhor aluna, a oradora da turma, a mãe que nunca esquece as lembrancinhas, a mais pontual do grupo, a mais competente da equipe. Você é sempre a GORDA.
E cada situação vivida, cada assédio sofrido, uma ferida que sangra.
Juro que tentei de tudo! Que me esforcei ao máximo, mas sozinha não dei conta. Fiz a redução do estômago em 2001. A cartada final, pois aos 120 quilos, minha saúde estava em risco! Só eu sei tudo que passei para tomar a decisão da cirurgia. Só eu sei quanto me sentia culpada por não conseguir emagrecer. Só eu sei quanto eu chorei…

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Emagreci, voltei a engordar um pouco e continuo me cuidando! A terapia tem me ajudado  a descobrir sobre a minha verdadeira fome…Já descobri que todo excesso revela uma grande falta… (papo para outro post)

 

E só a título de informação, eu sofri  muito por ser gorda, mas tem muito obeso super de boa com seu corpo e peso! Que se amam e se aceitam exatamente do jeito que são, apesar de todos os pesares que a sociedade “oferta”! A felicidade não é mensurada em peso! É muito mais que isso!

Conto a minha história para falar sobre a gordofobia da qual somos vítimas. Um sentimento de repulsa a pessoas obesas aliada a um poder de julgamento e condenação. Para os gordofóbicos, os obesos são seres desleixados e preguiçosos. (Só para constar, nós obesos, temos excesso de peso, de agilidade e flexibilidade! )

 

E porque eu estou escrevendo sobre isso hoje? Na semana passada fiz um post como um manifesto e como um ato de solidariedade a uma mulher negra, vítima de racismo.
Na semana que vem, eu poderia falar dos casos de homofobia. Também de xenofobia. E nas subsequentes, de lesbofobia e bifobia. Depois, preconceito contra crianças com síndrome de down e portadores de AIDS. Preconceito linguístico. Antissemitismo. Bullying e cyberbullying… Infelizmente, a lista é enorme.
O homem já transplanta corações, mas não sabe amar. Já foi pra lua, mas não cria uma ponte para alcançar o mundo do outro. Almeja morar em Marte, mas não sabe respeitar seu vizinho no planeta Terra!
Precisamos sim, falar sobre tudo isso. Educar nossas crianças e jovens e nos posicionarmos, lutando contra todo o qualquer tipo de preconceito.
E para finalizar o post de hoje, transcrevo alguns trechos, dessa ode de respeito e amor ao próximo, intitulada Declaração Universal dos Direitos Humanos, almejando que ela seja uma realidade no mundo que deixaremos aos nossos filhos e netos: um lugar onde as pessoas são aceitas e amadas por serem diferentes umas das outras!

Um abraço,

Dani

 

Declaração dos Direitos Humanos 

Artigo 1º
Todas as pessoas nascem livres e iguais em dignidade e direitos. São dotadas de razão e consciência e devem agir em relação umas às outras com espírito de fraternidade.

Artigo 2º
Toda pessoa tem capacidade para gozar os direitos e as liberdades estabelecidas nesta Declaração, sem distinção de qualquer espécie, seja de raça, cor, sexo, língua, religião, opinião política ou de outra natureza, origem nacional ou social, riqueza, nascimento, ou qualquer outra condição.

Artigo 3º
Toda pessoa tem direito à vida, à liberdade e à segurança pessoal.

Artigo 6º
Toda pessoa tem o direito de ser, em todos os lugares, reconhecida como pessoa perante a lei.

Artigo 7º
Todos são iguais perante a lei e têm direito, sem qualquer distinção, a igual proteção da lei. Todos têm direito a igual proteção contra qualquer discriminação que viole a presente Declaração e contra qualquer incitamento a tal discriminação.

Por Dani Lourenço

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