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Plaza Mayor, El Retiro, Reina Sofia e Museo del Prado. Símbolos seculares da cidade que se diz a mais espanhola de todas, Madrid tem muito mais. É um laboratório de inovação, seja na moda, arquitetura ou gastronomia. Alguns a chamam de a “nova Barcelona”.

Para degustar tudo o que a capital da Espanha tem a oferecer no mundo da culinária, são necessários muitos dias. A cidade que acolheu imigrantes de todas as regiões do país também ganhou com isso – em sabores, temperos e pratos das mais diversas localidades espanholas.

Para esse povo, sentar à mesa para comer é um prazer sem igual, um ritual de que os espanhóis não abrem mão, nem durante os dias agitados da semana. O horário de pico para o almoço nos restaurantes é a partir das duas da tarde. Senhores trajando terno e gravata e mulheres executivas – e pra lá de elegantes, param o trabalho nesse horário e lotam os restaurantes da cidade. Nada de almoço rápido. O menú del día, que consiste de entrada, prato principal e sobremesa, é saboreado lentamente, acompanhado de muito bate-papo e risadas.

Um dos pratos mais tradicionais da capital da Espanha é o cocido madrileño, feito à base de grão-de-bico, batata, legumes e carnes (presunto, chouriço, lombo, frango). Um excelente lugar para experimentar o cozido é a Taberna de la Daniela, restaurante com diversas filiais em Madrid. Decorada com azulejos típicos e um charmoso bar onde pode se comer tapas, a taberna se gaba de servir “el mejor cocido de la ciudad”. Em geral, os garçons nem oferecem os cardápios, pois têm certeza que o cliente irá escolher o cozido. E ouse dizer que não. Aliás, simpatia nem sempre é uma qualidade encontrada nos garçons madrilenhos. Especialmente os mais velhos. Ao aceitar a sugestão do cocido madrileño, toma-se primeiro uma sopa leve, na verdade, o caldo que foi utilizado para cozinhar as carnes e os legumes. Na sequência, os complementos chegam em pratos separados. Um prato quente, revigorante, perfeito para os dias de inverno europeu.

Assim como os brasileiros, os espanhóis apreciam as carnes. Alguns restaurantes de Madrid recuperam receitas ancestrais, mas dando a elas um toque contemporâneo. Nos cardápios, há especialidades com cortes que não são muito utilizados no Brasil.

O prato la carrillera de buey estofada con vino de Amandi al modo antiguo tem como ingrediente principal a carne macia da face, mais exatamente, da bochecha do boi. Situado numa pequena viela, o Terra Mundi também é conhecido pelo polvo que prepara, utilizando uma receita do século 18. A carne tenra do pescado é servida com molho galês, páprica, alho e batatas.

O mais antigo do mundo

Se o assunto é carne, outro patrimônio gastronômico de Madrid é o restaurante Botín. Listado na maioria dos guias da cidade – e sempre lotado de turistas –, a visita a essa taverna é imprescindível. Fundado em 1725, é considerado pelo Livro Guiness de Records o restaurante mais antigo do mundo. Sem reserva antecipada, é quase impossível conseguir uma mesa.

A grande atração do Botín é o cochinillo, um leitãozinho assado no forno a lenha. A carne desmancha na boca e a capa crocante completa o sabor inigualável. Como acompanhamento, a dica é a sangria, que vem em uma jarra artesanal, que pode ser comprada como souvenir dessa refeição.

A poucas quadras do Botín fica o Mercado de San Miguel. Reformado recentemente, esse é um dos mercados mais antigos e belos da cidade. A estrutura de vidro abriga pequenas lojas que vendem o que há de mais fresco na região. Os madrilenhos dizem que as melhores tapas de Madrid estão lá. O difícil é encontrar um lugar para sentar nos fins de semana. Mas ninguém parece se importar com isso. As pessoas aproveitam o ambiente descontraído enquanto saboreiam ostras numa barraca, talvez jamón serrano em outra ou ainda pequenas preciosidades em La Casa de Bacalao.

Bem pertinho do mercado, em uma quadra cheia de restaurantes e bares, há um segredo bem guardado, desprezado pelos turistas, mas bem recomendado pelos locais. Em um ambiente rústico e simples, a taverna Meson da la Tortilla prepara somente tortillas, que nada mais são do que omeletes, mas com um ingrediente extra: batatas. Não há nada de sofisticado no local. As mesas são pequenas e os bancos parecem mais apropriados para uma escola primária. Não há cardápio. O garçom simplesmente pergunta qual recheio que se quer (presunto, queijo, champignon). A surpresa é que logo chega uma tortilla leve e rica em sabores.

As delíciais doces
E o que Madrid oferece para adoçar o paladar? Certamente não faltam opções, principalmente nas tradicionais pastelerías, como a elegante Mallorca, em que as vitrines são decoradas com bombons, trufas e delicadas tortas. Entretanto, há destinos menos cheios e famosos. Atrás da porta azul no número 1 da calle Cordón, prateleiras reservam ao visitante doces de conventos e monastérios de toda a Espanha. Em embalagens primorosas, há biscoitos, geléias, chocolates, torrones.
Bem mais popular, é a Chocolatería San Ginés, onde turistas disputam espaço durante o dia para provar os irresistíveis chocolates con churro, enquanto os madrilenhos deixam para apreciar a doce tentação somente de madrugada, após a balada. Por isso mesmo, a chocolatería funciona 22 horas por dia. Mas se a San Ginés estiver muito cheia, não há problema. A bebida, típica da cidade, está presente no cardápio da maioria dos cafés de Madrid.
Com tantas calorias há mais, o melhor a se fazer é caminhar, caminhar muito. Atrações não faltam para a encantadora capital da Espanha. Um bom começo é pelos corredores do Museu del Prado, admirando as obras de Goya e Velàzquez, afinal, os madrilenhos só vão começar a pensar em jantar depois das nove horas da noite.

Serviço:

Terra Mundi – Calle Lope de Vega, 32. www.terramundi.net. Taberna de la Daniela – General Pardiñas, 21.Restaurante Botin – Calle de Cuchilleros, 17. www.botin.es. Mercado San Miguel – Plaza de San Miguel – www.mercadodesanmiguel.es. Meson de La Tortilla – Cava de San Miguel, 15. Mallorca – www.pasteleria-mallorca.com. El Jardin del Convento – Calle Cordón, 1. Chocolatería de San Ginés – Pasadizo de San Ginés, 5.

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