Bom Gourmet
Clitória, Licuri e Piracuí: conheça alguns dos ingredientes diferentões do jantar da posse do presidente Lula
Casquinha de castanha com farofa de Licuri, bolinho de Piracuí, macarrão gravatinha ao molho de tomate com Maxixe salteado, abobrinha e Ora Pro Nóbis e gin tônica com flor de Clitória. Estes são apenas alguns dos preparos servidos na recepção de posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), no domingo (01).
O cardápio servido para 65 delegações estrangeiras de 5 continentes foi elaborado por um time de chefs, com nomes como Nara Amaral (Di Janela, Bahia), Saulo Jennings (Casa do Saulo, Pará) e Bela Gil (culinarista e apresentadora de TV).
O que chamou a atenção foram os ingredientes diferentes que, apesar de fazerem parte da culinária brasileira, são bem peculiares. Por isso, nós fomos atrás para saber o que são e a origem desses ilustres desconhecidos.
Licuri
O Licuri é fruto de uma espécie de palmeira nativa do nordeste brasileiro. A polpa verde é leitosa, mas quando seca se transforma em uma amêndoa, chamada de coquinho, cujo sabor e textura lembram o coco seco.
No evento presidencial, a amêndoa do Licuri foi utilizada pela chef Nara Amaral na Casquinha de castanha com farofa de Iicuri. Na Bahia, o ingrediente é muito utilizado em preparos doces, como cocadas e licores.
Piracuí
O chef paraense Saulo Jennings trouxe em seu Bolinho de Piracuí os sabores tradicionais amazônicos. Piracuí é uma farinha de peixe salgado, seco, triturado ou desfiado. A farinha é feita com espécies comuns na região, tais como Tamuatá e Bodó.
O Piracuí pode ser utilizado também em farofas, tortas e há quem diga que o sabor da farinha de peixe lembra o bacalhau. Por ter um preparo salgado e concentrado, os petiscos com Piracuí combinam muito bem com cerveja bem gelada.
Maxixe e Ora Pro Nóbis
Essas duas plantas foram as estrelas do macarrão gravatinha ao molho de tomate com maxixe salteado, abobrinha e Ora Pro Nóbis, servido no buffet da posse presidencial.
O maxixe é um primo do pepino, bem comum em climas mais quentes. É uma planta rasteira, cujos frutos são comestíveis. A casca é verde, com espinhos moles. Ele é bastante usado na culinária do Norte e Nordeste.
O sabor é parecido com o de espinafre e, assim como o jambu, deixa uma leve sensação de ardência na boca. Por isso, faz parte de ensopados, moquecas e cozidos.
Já o Ora Pro Nóbis é uma trepadeira espinhenta, com folhas suculentas bastante utilizadas na culinária mineira. As folhas podem ser consumidas cruas, em saladas, refogadas e combinam muito bem em sopas. O gosto também é parecido com o de espinafre.
Flor de clitória
Essa flor azulada faz parte no grupo das Plantas Alimentícias Não Convencionais (PANCs). Ela integra a família do feijão e das vagens e é também conhecida como feijão-borboleta ou cunhã.
As cores mais comuns das flores são branca e rosa, mas as azuis são as mais utilizadas por terem um pigmento mais forte, capaz de colorir os preparos. Foi o caso da gin tônica presidencial, elaborada pela culinarista Bela Gil, que ganhou um tom arroxeado exclusivo com a flor de Clitória.