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“Criatividade é solução para a crise”
Jilcy Rink assumiu, na última semana, o cargo de presidente da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes do Paraná (Abrasel-PR). Ela foi eleita por unanimidade para o triênio 2014/2017 e sucede Marcelo Woellner Pereira, que assumiu a cadeira de presidência do Conselho Estadual da instituição. Jilcy é empresária do Buffet Nova Curitiba e acompanha a trajetória da Abrasel-PR há dez anos. No último triênio, Jilcy era integrante do Conselho Estadual. O Bom Gourmet conversou por telefone com a empresária e falou sobre os desafios do setor e da entidade que representa 700 associados em todo o Paraná, confira:
Quais são os desafios do setor a serem enfrentados?
Temos desafios diariamente. Hoje estamos preocupados em consolidar ainda mais a nossa gastronomia, que já é uma referência nacional. Por termos sido subsede da Copa do Mundo tivemos uma melhora no setor, com funcionários mais capacitados e excelência no serviço. Agora temos que continuar orientando os funcionários e com os parceiros importantes. São muitos projetos que temos à frente, várias ações. Vamos lançar um projeto de combate ao desperdício, mas ainda não temos uma data nem detalhes para fornecer. O desperdício de alimentos é um fato preocupante porque aumenta custo e gera lixo, é um problema para o meio ambiente. Vamos seguir na capacitação do pessoal e ampliar os cursos ofertados pela Abrasel. Com gente mais preparada o setor oferece melhores resultados, como segurança na alimentação, atendimento ao cliente, qualidade do produto.
E quais serão suas ações para o próximo triênio?
O mais importante é dar continuidade ao trabalho que vem sendo desenvolvido pela gestão anterior. Tem ações que estão em andamento que são importantes e também temos novas como o Restaurante Solidário, que ainda não foi lançado, mas que tem um cunho social muito importante. Ainda não temos data de lançamento. Vai ser uma das primeiras ações da minha gestão. Queremos ampliar a sede para dar mais cursos e mais capacitação às pessoas.
Um levantamento da Secretaria Municipal de Finanças mostrou que em Curitiba abriram cerca de 600 novos restaurantes, bares e lanchonetes desde 2010. A Abrasel sabe quantos desses continuam ativos?
Os dados estão corretos, mas não sabemos exatamente o que causa a morte de uma empresa nem quantas permanecem ativas. No setor de gastronomia, a morte da empresa acontece mais frequentemente que em outros setores porque o consumidor é muito exigente. O mercado apresentou um crescimento vertical nos últimos 6 anos. Estamos com 700 associados e pretendemos aumentar esse número. Quando o empresário da alimentação fora do lar entender o trabalho da Abrasel, tenho certeza de que esse número vai subir com certeza. Queremos nos aproximar do setor por meio dos cursos de formação e de eventos.
E o que impossibilita muitos estabelecimentos “sobreviverem” aos dois primeiros anos?
São inúmeros problemas. O mais grave é a burocratização do nosso sistema. Para o pequeno empresário, se não for formal, a dificuldade aumenta. Se não tem CNPJ, não tem crédito, se não tem crédito não consegue ter capital de giro. Querendo ou não há inflação camuflada e essas dificuldades levam o restaurante a fechar.
Ouve-se muito falar de crise no mercado de gastronomia. Existe uma crise? Como sobreviver à ela?
Sim, a crise está instalada e não há como esconder. O brasileiro por si só é criativo, ele burla esses problemas criativamente. Não existe uma regra ou uma técnica para administrar a crise além de criatividade. Esse sistema que atua no Brasil tem que mudar. O empresário tem que ter mais facilitação para conseguir passar pelas crises.
Você é a primeira mulher a assumir o cargo de presidente da Abrasel-PR. Você acredita que isso significa alguma mudança para a instituição?
Por ser mulher, efetivamente não acho que muda alguma coisa no operacional. Eu vou ter que lutar com alguns preconceitos que existem. Os homens de negócio com visão já veem a mulher de outra forma, como parceira e com competência para administrar. Também nem acho que tenho que ter algum privilégio por ser mulher. Acredito que temos que continuar a seguir a linha desses anos todos pela Abrasel. E mulher tem sempre aquele lado do mais produzido, bonitinho, enquanto os homens são mais práticos. Quem sabe vamos deixar tudo mais agradável aos olhos. Apenas uma sensibilidade é o que existe de diferença entre a gente [homens e mulheres].
Você acompanha a Abrasel há uma década e já fez parte do conselho. O que mudou nestes anos?
A evolução foi absolutamente vertical. Os números mostram desde o nosso número de associados, arrecadação e o envolvimento dos empresários com a Abrasel é maior. Hoje temos uma cadeira no Conselho Municipal de Urbanismo, que foi uma conquista importante [em abril de 2014] porque assim participamos do planejamento da cidade. E 40% do PIB do turismo do Paraná vêm da gastronomia, o crescimento [da importância] da Abrasel é muito claro.