
Até o momento, não há previsão do retorno do horário de verão. A avaliação do governo federal é de que as boas condições de suprimento energético do país, garantido pelo planejamento implantado desde os primeiros meses do governo, dispensam a volta do modelo.
Em setembro deste ano, a Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel) enviou uma carta ao ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, pedindo a volta do horário de verão. A entidade entende que a retomada da medida, abandonada em 2019, no primeiro ano do ex-presidente Jair Bolsonaro, gera impacto direto no funcionamento dos bares e restaurantes, com crescimento entre 10% e 15%. Um ofício sobre o mesmo assunto foi enviado também ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva e ao ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, Geraldo Alckmin, e do Turismo, Celso Sabino.
Segundo Silveira, os reservatórios das usinas hidrelétricas estão nas melhores condições de armazenamento de água dos últimos anos. “O horário de verão só acontecerá se houver sinais e evidências de uma necessidade de segurança de suprimento do setor elétrico brasileiro. Por enquanto, não há nenhum sinal nesse sentido”.
O documento da Abrasel enviado a Lula e a ministros aponta que o setor ainda se recupera dos prejuízos causados pela pandemia, e que implementação beneficiaria um ramo da economia do país “que gera renda direta para mais de 7 milhões de brasileiros e tem cerca 1,5 milhão de empreendimentos no país”. A carta defende também que o horário de verão movimenta a economia, sobretudo no comércio e turismo, já que turistas tendem a aproveitar melhor os destinos, esticando até mais tarde suas atividades.
Mais: pesquisa da Abrasel realizada entre o final de outubro e o começo de novembro aponta que, de olho no verão e aos movimentos de fim de ano, 35% dos empreendedores do segmento pretendem contratar funcionários até o fim deste ano. Outros 58% afirmaram que vão manter o quadro atual e apenas 7% informaram que podem demitir.
Já que não há, pelo menos até o momento, perspectiva de adiantar os relógios em uma hora, algo que aconteceu no país todos os anos, de 1985 a 2018, não está no horizonte, Bom Gourmet foi ouvir alguns empresários do setor em Curitiba para saber qual o impacto do horário de verão para os negócios.
Marcelo Simões – O Jardineiro
O horário de verão porque estende o consumo das pessoas, e isso ajuda os estabelecimentos num momento importante, já que as chuvas de setembro e outubro impactaram muito para baixo o faturamento desse período, que normalmente é muito bom. Dessa forma, o horário de verão é uma ajuda.
Iron Mendes – Maniacs Brewing Co.
O horário de verão é muito bom para a indústria cervejeira. Todos os bares e restaurantes vendem mais e as cervejarias aumentam o fornecimento. Não temos estatísticas a respeito mas, na prática, os anos anteriores sempre foram bons.
Rafael Vieira – Doppo
Para nós que não possuímos happy hour e somos um restaurante, o horário de verão acaba prejudicando um pouco. As pessoas acabam saindo para jantar mais tarde (esperando escurecer) e, com isso, o giro do estabelecimento fica prejudicado, e temos um “tempo ocioso” da abertura até escurecer.
Divaldo Maciel – Limoeiro
Na época do horário de verão, o Happy hour era mais agitado mesmo. Deve estar nos genes, a tendência do ‘bicho homem’ é se recolher à caverna só quando anoitece… anoitecendo mais tarde, permanecem mais [tempo] na rua.
Marcelo Freitas – The Mar’s
Tivemos pouco mais de dois meses de muita chuva e pouca venda. Temos o 13⁰ e investimentos de início de ano para custear. Acredito que precisamos aproveitar mais o curitibano fora de casa, e o horário de verão faz isso... ainda mais com estas altas temperaturas, em que um happy hour com chope bem gelado faz a volta para casa ser adiada e o consumo ser maior.
Pedro Vieira - Ginger Bar
O horário de verão influencia nos padrões de consumo e afetam nosso setor. Com dias mais longos, me parece que as pessoas acabam permanecendo mais na rua após o trabalho e, consequentemente, nos estabelecimentos. Além do happy hour parecer mais longo. Nós aqui no Ginger já estamos abertos há 7 anos, e nos anos anteriores à pandemia temos a recordação em nossos registros de uma maior rotatividade de pessoas nos meses de verão com um início de consumo mais cedo. Na nossa experiencia, a pandemia de covid alterou um pouco o padrão de consumo e também nossos horários. Antes tínhamos um horário mais extendido, ficávamos abertos até às 2h30 da manhã. Hoje, entendemos que o perfil de consumo do nosso público mudou, e adaptamos nosso horário para atender. Fechamos atualmente à 1h nos finais de semana e meia-noite durante a semana. Não temos a mesma demanda de final de noite, mas temos uma grande demanda para o início da noite durante o ano todo, o que me faz questionar com bons olhos o horário de verão, que ao meu ver tem o impacto de fazer parecer o início da noite durar mais.
Marcelo Pereira - Babilônia
Somos a favor do horário de verão, pois além de um aumento significativo no movimento de bares e restaurantes, que já acontece naturalmente nesta época do ano, o dia mais longo dá mais disposição às pessoas de um modo geral e ainda reduz os problemas com segurança.
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