O que fazer com o óleo de cozinha? Veja como restaurantes reciclam

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Quem faz comida em casa sabe, a destinação correta do óleo de cozinha usado é uma pequena dor de cabeça na hora da limpeza. Agora, já imaginou como funciona para bares e restaurantes? O que fazer com o óleo de cozinha usado? A resposta é reciclar. Do mesmo modo como realizamos em nossas casas, mas em escala muito maior.

Por lei, os estabelecimentos são obrigados a dar destino correto ao óleo de cozinha usado contratando uma empresa de reciclagem para isso. Sem esse contrato, não há alvará. Além disso, as multas, em caso de descumprimento da legislação, são pesadas.

Em 2021 o McDonald’s destinou mais de 1,7 milhões de litros de óleo para reciclagem.

Arcos Dorados

Mas, nesse caso, o contrato não significa gasto e sim, ganho. Os estabelecimentos são remunerados pelas empresas que recolhem o óleo vegetal. De acordo com Vitor Dalcin, sócio-diretor da Ambiental Santos, empresa que recicla esse tipo de resíduo no Paraná e Santa Catarina, existem três formas de pagamento.

“O estabelecimento pode escolher receber em material de limpeza, doar para instituições de caridade das quais somos parceiros ou em dinheiro”, explica.

1 litro de óleo pode contaminar até 25 mil litros de água

Fonte: Sabesp

Os restaurantes Garbo e Haiyo, que ficam no hotel Grande Mercure Curitiba Rayon, por exemplo, reciclam uma média de 40 litros de óleo por mês e destinam o valor arrecadado para ações voltadas aos colaboradores.

“Isso ajuda a sensibilizar as equipes para a construção de um mundo melhor e, assim, reciclar um item que poderia trazer riscos e mais poluição para o planeta", afirma Fernando Kanbara, gerente-geral.

O óleo dos bares e restaurantes conveniados com a Ambiental Santos é armazenado em bombonas de 50 litros e um sistema inteligente avisa quando é hora de recolher.  A empresa, que fica na região metropolitana de Curitiba, recicla quase 2 mil toneladas de óleo por ano. “Temos 12 caminhões que saem para fazer a coleta diariamente”, afirma Dalcin.

Certificação, destinação e remuneração

“Os empresários precisam se conscientizar da importância de contratar empresas sérias, certificadas, que realmente deem destino correto a este resíduo”, alerta Dalcin.

Para Dalcin, não adianta nada os empresários “se livrarem” do óleo usado, se a empresa que coleta não trata a água da reciclagem, não faz a gestão dos resíduos. “No fim das contas, o óleo vai parar nos rios”, completa.

O Bar do Alemão, por anos, pagou uma empresa para recolher o óleo usado. “Até que encontramos uma recicladora que nos fornece todos os laudos de certificação, destino e que nos paga pelo material”, explica Jorge Tonatto, gerente. De acordo com Jorge, o bar recebe uma média de R$ 600 por mês, que é usado para ações com os funcionários.

A empresa que atende o grupo em que estão inseridos os restaurantes Paco – Cocina y Bar e Ícaro - Casual Greek Food, paga R$ 3 reais por litro de óleo usado. Os estabelecimentos enviam para a reciclagem cerca de 180 litros por mês.

“Além de diminuir a poluição ao meio ambiente é uma ação que rende economia. É bom para nós, é bom para o reciclador e, principalmente, para a natureza", comenta Everson Ceschin, um dos sócios do grupo.

Para onde vai este óleo?

Essa é a pergunta que não quer calar. E erra quem responder: para a indústria de sabão. De acordo com Dalcin, quase 100% do óleo reciclado vira biodiesel. “A indústria saboeira utiliza sebo animal”, explica.

E o óleo residencial?

Muita atenção você que acha que “só um pinguinho” de óleo na pia não vai fazer mal. Dalcin faz o alerta: "50 ml de óleo, contamina 400 litros de água potável”.

Por isso, vale a pena levar o resto de óleo usado na sua casa aos pontos de coleta que estão espalhados pela cidade. Farmácias, estabelecimentos comerciais, terminais de ônibus, hospitais, órgãos públicos cadastrados recebem esse óleo e fazem a destinação correta.

“É uma questão de conscientização de que o problema é de todos nós e é nosso dever como cidadãos cuidar do meio ambiente”, completa Dalcin.