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Um francês que cariocou
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Divulgação

Um cantinho pitoresco do Rio de Janeiro que merece ser conhecido é o Santa Teresa. O bairro fica no alto de um morro recortado pelos trilhos do velho bondinho. Lá no topo, com vista privilegiada, está o charmoso restaurante Térèze, onde passei uma deliciosa tarde de sábado. No comando da casa, o chef francês Damien Montecer.

A proposta do Térèze, que fica dentro do Hotel Santa Teresa, é a “Cuisine du Monde”. Comida de hotel? Sim, o menu surpreende. É leve e contemporâneo, combinando técnicas francesas com ingredientes brasileiros e releituras de tradicionais pratos do velho e novo mundo. Provei lá o tempura com jambu, queijo de cabra empanado com castanha-do-pará, melaço e pupunha. Outra boa pedida foi a lagosta na cachaça, com arroz arbóreo, farofa de camarão, quiabo grelhado e coco ralado. O Rio’s fish and chips, na versão do chef, é um tempura de filé de linguado, com molho tártaro caseiro, fritas de aipim e vagens francesas no vapor. Para sobremesa, cheesecake de goiaba, pirulitos de macaroons e petit gâteau.

Damien veio ao Brasil pela primeira vez em 1998. A ideia era passar 15 dias no Rio. Ficou oito meses! “Conheci Christophe Lidy, chef do Garcia & Rodrigues, que me apresentou o Brasil e produtos incríveis. Voltei para Nova York, mas torcia por uma oportunidade aqui. Em 2002, fui convidado para trabalhar em Brasília. Fiquei lá seis meses. Um novo convite surgiu para vir para o Rio e, claro, aceitei”, lembra.

O francês ficou deslumbrado não só pela natureza, mas com o jeito de viver do brasileiro. “Essa alegria interior misturada à simplicidade me agradou. Acho que o carioca sabe viver. Demorei quatro anos para entender o ritmo da cidade e me adaptar”. E não é que o francês cariocou? Hoje, casado há três meses com uma brasileira, encontrou seu lugar.

A culinária entrou na vida de Damien por necessidade. “Minha mãe era modelo da Chanel, comia muito pou­­co e só pensava em alface, café e cigarro. Tive que me virar”, lembra o chef que começou a estudar gastronomia aos 14 anos e se formou, em Tou­lon, aos 18. “Passei os quatro anos da es­­­cola em regime de internato”, explica.

Mesmo tendo trabalhado no Le Bernardin e Moulin de Mougins (ambos 3 estrelas no Michelin), o chef decidiu abrir um restaurante após conhecer melhor o Rio, e optou por consultoria. Há cinco anos, fez parceria para montar o Térèze. Em dois anos, a casa ganhou visibilidade e fama. E provou que comida de restaurante de hotel pode ser boa sim e ter qualidade.

O Hotel Santa Teresa foi o escolhido por Amy Winehouse, em janeiro de 2011, durante uma turnê pelo país. “Ela tomava um supercafé da manhã e depois comia hambúrguer e pizza. No início, ela pedia muita batata frita. Uma vez chegou a comer três porções!”

Serviço: Térèze, no Hotel Santa Teresa. Rua Felício dos Santos, s/nº. Santa Tereza, Rio de Janeiro – (21) 2221-1406.

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