Encontre matérias e conteúdos da Gazeta do Povo
No Espírito Santo

Como repetir os Passos de Anchieta e ainda conhecer o litoral do Brasil

Os Passos de Anchieta
Os Passos de Anchieta é uma das rotas de peregrinação mais conhecidas do Brasil. (Foto: Infografia/Gazeta do Povo a partir da imagem de Vitor Jubini/MTur)

Ouça este conteúdo

Em seus últimos anos de vida, o padre jesuíta José de Anchieta, então provincial da Companhia de Jesus no Brasil, percorria regularmente, duas vezes por mês, o caminho das 14 léguas que separavam a Vila de Reritiba, onde morava, do Colégio de São Tiago, na Vila de Nossa Senhora da Vitória, onde era diretor. Apesar das dores causadas pela tuberculose óssea que sofria, estava sempre à frente dos guerreiros temiminós que o acompanhavam na caminhada. Foi assim até perto de falecer, em 9 de junho de 1597.

Esta reportagem faz parte da série Trilhas do Sagrado preparada pela Gazeta do Povo. Clique para conhecer outras rotas.

Hoje, a Vila de Reritiba se chama Anchieta e o Colégio de São Tiago é o Palácio Anchieta, sede do governo do Espírito Santo, em Vitória. E mais de 400 anos depois, esses dois pontos seguem conectados por andarilhos e peregrinos que percorrem ao longo de todo o ano Os Passos de Anchieta, buscando se conectar com a fé e com a natureza que tanto inspirava o santo.

Esse caminho de 100 quilômetros foi resgatado, organizado e sinalizado em 1998 e desde então mais de 300 mil pessoas partiram da Catedral Metropolitana de Vitória e chegaram ao Santuário Nacional de São José de Anchieta, margeando o oceano e passando pelas cidades de Vila Velha e Guarapari.

“Milhares de pessoas vêm para cá com o objetivo de botar o pé onde o santo passou”, referenda o coordenador do projeto e da Associação Brasileira dos Amigos dos Passos de Anchieta (Abapa), Carlos Magno de Queiroz. “A fé no século 21, revivendo o que Anchieta fazia, tem sido muito importante”, acrescenta.

Além de seguir os passos de Anchieta, é uma oportunidade para conhecer de uma forma mais íntima o que o Espírito Santo tem a oferecer em termos de construções religiosas e belezas naturais. No percurso está o próprio Palácio Anchieta e o Convento da Penha, em Vila Velha, um santuário mariano localizado no alto de um penhasco de 154 metros de altura. Antes de deixar Vila Velha, os andarilhos ainda passam pela Matriz de Nossa Senhora do Rosário.

Convento da PenhaConvento da Penha fica acima de um penhasco em Vila Velha (ES). (Foto: Divulgação/Governo do ES)

Seguindo pelo litoral, a vista é para o mar e as praias capixabas, especialmente as da Barra do Jacu, Setiba e Meaípe. “São coisas maravilhosas que as pessoas podem desfrutar no caminho e desfrutar também o Espírito Santo e suas belezas da natureza, tanto da montanha como da praia”, prossegue Queiroz.

O último trecho é vencido até chegar ao Santuário de São José de Anchieta, que compreende a igreja de Nossa Senhora da Assunção — erguida pelo apóstolo do Brasil juntamente com os indígenas —, a praça da Matriz e o Museu São José de Anchieta. Foi nesse lugar que José de Anchieta viveu seus últimos dias.

De papete, quatro dias para seguir os passos de Anchieta

O caminho pode ser percorrido no ritmo de cada pessoa, mas os organizadores sugerem que Os Passos de Anchieta seja vencido em quatro dias, com uma média de 25 quilômetros por dia, de seis a oito horas de caminhada. Em teoria, avança-se bem, ao mesmo tempo em que há espaço para breves descansos, de preferência não superiores a 20 minutos. O caminho pode ser dividido da seguinte forma:

  • 1º dia: entre Vitória e Barra do Jucu, em Vila Velha, são percorridos cerca de 25 quilômetros.
  • 2º dia: entre Barra do Jucu até Setiba, em Guarapari, são 28 quilômetros.
  • 3º dia: entre Setiba e Meaípe, são percorridos 24 quilômetros, ainda em Guarapari.
  • 4º dia: entre Meaípe até Anchieta, na Matriz, são percorridos os últimos 23 quilômetros.
Passos de AnchietaTrajeto de Os Passos de Anchieta tem sugestão de ser percorrido em quatro dias. (Foto: Tadeu Bianconi/Setur-ES)

A divisão em quatro dias é uma sugestão e não precisa ser seguida à risca. É esse o ritmo usado durante a caminhada coletiva que ocorre todos os anos no feriado de Corpus Christi, de quinta-feira a domingo, quando há uma estrutura montada ao longo do percurso para dar apoio aos andarilhos.

A inscrição nesse período garante o Certificado de Andarilho dos Passos de Anchieta. Isso não significa que o caminho deva ser feito somente nessa época - o convite serve para todas as épocas do ano. Independente de quando, o cuidado com o corpo é a principal dica.

Respeitar os limites é fundamental. Os pés merecem atenção especial. Eles precisam respirar, principalmente no verão. Por isso, a indicação para os andarilhos é o uso de papetes. “O maior problema que existe na caminhada são os calos. Não deixam dar continuidade. A papete tem essa vantagem de refrigerar o pé”, sugere Queiroz.

Santuário São José de AnchietaSantuário São José de Anchieta é o ponto final dos Passos de Anchieta. (Foto: Divulgação/Setur-ES)

VEJA TAMBÉM:

Use este espaço apenas para a comunicação de erros