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Amanda Rossi foi encontrada morta dentro do campus da Unopar | Roberto Custódio/JL
Amanda Rossi foi encontrada morta dentro do campus da Unopar| Foto: Roberto Custódio/JL

Mike Enslin (John Cusack) era um escritor promissor até a morte da filha, Katie (Jasmine Jessica Anthony). Com a fé perdida, Mike larga a esposa, Lily (Mary McCormack), e se especializa em escrever livros ruins e baratos, como "10 noites em 10 casas assombradas". Ele passa seu tempo investigando possíveis fenômenos paranormais e participando de algumas sessões de autógrafos para meia-dúzia de gatos pingados. Amargo e incrédulo, Mike realiza seu trabalho burocraticamente, sem nenhuma razão para considerar a idéia de que possa existir uma vida após a morte. Além disto, com a morte de Katie, como é que poderia haver Deus?

Mas tudo muda quando Mike recebe um cartão-postal, anônimo, do Hotel Dolphin. No verso, poucas palavras: "Não entre no 1408". É o suficiente para Mike começar a pesquisar e descobrir que o quarto 1408 é sinistro. Bastante sinistro. Com um histórico de mortes nas costas - assassinatos e suicídios -, o local pode vir a ser um capítulo final perfeito para o novo livro de Mike. Entretanto, ao tentar reservá-lo, ele recebe sempre a mesma informação: indisponível. Mike não se dá por vencido e descobre uma lei que impede que um quarto de hotel vazio, em perfeitas condições, não seja disponibilizado. Assim, Mike vai com uma mala de mão passar uma noite no Hotel Dolphin. Ao chegar lá, ele é recepcionado pelo gerente do hotel, Gerald Olin (Samuel L. Jackson), que leva Mike até seu escritório.

Escolado, Mike faz "ouvidos de mercador" para o discurso de Olin, mesmo ficando impressionado com as histórias que o esforçado gerente conta para tentar dissuadí-lo da idéia de dormir no 1408. Afinal de contas, já foram 56 mortes no quarto 1408, e ninguém sobreviveu a ele por mais de uma hora.

De forma muito sutil, o espectador começa a notar (ou sentir) que não quer que Mike durma no 1408, por mais que goste de filmes de terror e Stephen King e tenha lido o conto original. Quando Olin se dá por vencido, e diz "o quarto é mau", nos conscientizamos de que, sim, vamos ter que entrar no 1408. Uma vez lá dentro, a fotografia, a montagem, a música, a direção e a atuação de John Cusack criam um thriller de terror psicológico bastante instigante. "1408", filme e quarto, vão agindo sorrateiramente dentro do espectador e de Mike Enslin, respectivamente, inicialmente impregnando-os com um ligeiro mal-estar.

Fugindo do terror convencional, aqui a tensão e as informações vão dando um passo depois do outro, gradualmente. Não há assassinos em série ou cenas explicitamente violentas. O filme é uma história de fantasmas das antigas, afinal trata-se de um quarto possivelmente mal-assombrado. Mas o que mais chama a atenção é como os fantasmas interiores de Mike alimentam o 1408. O inferno que ele terá que enfrentar é praticamente o mesmo do espectador que, com a resistência vencida, nota que o longa atingiu sua intenção de provocar angústia. E este é o maior mérito de "1408", que ainda tem um final de causar arrepios. Mas comparar com "O iluminado" (1980) e "Louca obsessão" (1990) não vale.

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