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As paisagens naturais e as estruturas urbanas criadas pelo homem são recriadas a partir das pinturas do artista plástico carioca Marcus André, que abre hoje a exposição Paisagens Deslocadas, na Ybakatu Espaço de Arte, em Curitiba.

As imagens retratadas pelo pintor e apresentadas ao público em telas de grandes dimensões não podem ser identificadas pelas características do ambiente. É como se fossem radiografias de uma topografia acidentada e erodida. Os retratos não dão pistas de tempo, espaço ou escalas definidas.

Nos últimos anos, o artista se dedicou à pesquisa da pintura encáustica, que possibilita a criação de efeitos surpreendentes. A técnica da encáustica, palavra que significa pintura aquecida, é realizada por meio de um composto de cera de abelha, misturado a pigmentos minerais, que são manuseados em banho-maria.

As pinturas exigem tempo e cuidado, pois esse tipo de material ainda é difícil de encontrar no Brasil e deve ser elaborado manualmente. O controle da temperatura também é essencial para que se possa criar os efeitos desejados.

Marcus André começou a trabalhar com a encáustica sobre tela no fim da década de 80, através do contato com outros artistas e do estudo de acervos. A opção pela técnica diferenciada surgiu da necessidade de desenvolver novas possibilidades. Ela permite criar transparências, texturas, sobreposições e relevos, que brincam com as sensações do espectador. "Os quadros passam a ter uma personalidade mais introspectiva e uma aparência menos sintética", descreve.

Embora a pintura encáustica seja aplicada a telas de pequenas dimensões, André decidiu ousar e trabalhar com medidas que variam de 50 centímetros a 1,20 metro e de 2 a 5 metros. Para isso, as ferramentas foram adaptadas para que o processo pudesse ser colocado em prática. "A encáustica não é uma técnica fechada e envolve vários procedimentos que variam de acordo com o artista", explica.

Embora as pinturas sejam apresentadas em um formato tradicional, sem nenhuma relação com outras técnicas criadas a partir do uso de materiais resistentes, a preocupação do artista não é simplesmente a durabilidade das peças. "Pesquisei artistas novos e anteriores, mas o direcionamento não é historicista", observa.

Esta é a quarta exposição de Marcus André em Curitiba. Ele já participou da 5.ª Mostra Nacional de Gravura da Cidade de Curitiba, em 1982, no Solar do Barão, e também passou pelo Museu Alfredo Andersen e a Galeria Casa da Imagem. Em sua nova exposição, apresenta nove telas criadas entre 2004 e 2005. O nome Paisagens Deslocadas foi extraído de uma resenha escrita pelo crítico Afonso Luz sobre a atual fase da carreira do artista. De acordo com o especialista, por conta da realização destes trabalhos, André se abriu "para uma maior soltura, alcançada depois de seu mergulho na culinária do ateliê, deixando-se experimentar uma nova relação com as cores que podem proliferar em seu quadro sem facilidades, mantida de outro modo uma unidade de luminosidade e de tons serenos".

Serviço: Abertura da exposição Paisagens Deslocadas, de Marcus André. Hoje, das 11 às 15 horas, no Ybakatu Espaço de Arte (R. Itupava, 414), (41)3264-4752. Até 19 de novembro. Após a abertura da exposição, as obras também poderão ser vistas no site www.ybakatu.com.br.

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