| Foto: Alcir Silva/Folhapress

Hélio Oiticica, dirigido por Cesar Oiticica Filho, sobrinho e curador da obra do artista, integra a programação dedicada a ele na 63ª edição do Festival de Berlim. Selecionado para a Mostra Fórum, o filme – exibido domingo numa sessão prévia para a imprensa – conta a história de Hélio Oiticica por meio de fitas K7 que o próprio gravou durante os anos de 1960 e 1970. Além dos tapes, o documentário também é formado por outros áudios e imagens de arquivo. A proposta foi juntar filmes em que aparecem os trabalhos, as influências e sua temporada em Nova York com depoimentos do próprio Hélio.

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Hélio Oiticica ganhou o prêmio de melhor documentário na última edição do Festival do Rio em setembro.

A programação dedicada ao artista na Berlinale inclui também um painel de discussões sobre sua obra com o historiador de arte Sabeth Buchman, apresentação de filmes Super 8 históricos realizados por ele e a instalação Cosmococa, que convida a audiência a mergulhar em imagens e sons dentro de uma piscina.

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Oiticica Filho – que está em Berlim acompanhando as quatro sessões programadas para o filme – conversou com a Gazeta do Povo sobre a importância de integrar o festival, a dificuldade de aproveitar o extenso material disponível sobre o artista e o que o inspirou a fazer o filme.

Como surgiu a ideia do documentário?

Há cerca de 10 anos, quando eu estava preparando uma exposição internacional sobre o trabalho do Hélio, descobri uma série de filmes quase desconhecidos que ele tinha realizado. Encontrei também muitas fitas gravadas por ele, com declarações sobre sua vida e pensamentos para os amigos. Esse material foi um grande estímulo para fazer o filme.

Foram utilizados todos os materiais?

Não, muita coisa ficou de fora, os tapes formavam um acervo muito grande. Além disso, para dar forma ao documentário foram incluídas cenas de várias obras como Câncer, de Glauber Rocha, O Demiurgo, de Jorge Mautner, Lágrima Pantera, de Julio Bressane, Mangue-bangue, de Neville D’Almeida e outras. O material que tínhamos daria até para fazer outro filme.

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Qual o principal sentimento de ter feito o filme?

Foram várias emoções que foram chegando, surpresas que foram aparecendo, foi uma coisa quase mística, um processo muito gratificante. Representou também uma forma de entrar na vida do meu tio. O filme é, para nós, uma espécie de coisa de família.