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Henrique Fendrich estudou Jornalismo em Curitiba e hoje vive em Brasília | Divulgação
Henrique Fendrich estudou Jornalismo em Curitiba e hoje vive em Brasília| Foto: Divulgação
  • Página da Rubem: entrevista com Luís Henrique Pellanda
  • Livro -Brasília Quando Perto- Henrique Fendrich. Edição de autor, 107 págs., R$ 29 (versão impressa) e R$ 13,50 (pdf). Como comprar: www.clubedeautores.com.br/book/145325–Brasilia_quando_perto.

O escritor capixaba Rubem Braga faria 100 anos de nascimento em 2013. Mas o jornalista catarinense Henrique Fendrich, hoje radicado em Brasília, não quis esperar o centenário do autor, que morreu em 1990 e é um dos grandes mestres, senão o maior de todos, da crônica brasileira. No ano passado, decidiu criar, em homenagem ao autor e ao gênero celebrizado por Braga, a revista digital Rubem (http://rubem.wordpress.com/).

"A minha intenção era oferecer exatamente o tipo de conteúdo que eu não conseguia encontrar: um lugar onde eu pudesse conhecer novos cronistas, me informar sobre o lançamento de seus livros, debates sobre o gênero em eventos literários e novas pesquisas acadêmicas", disse Frendrich, em entrevista à Gazeta do Povo.

A Rubem, conta Fendrich, é uma tentativa de entender melhor um gênero de difícil conceituação, tanto por meio de resenhas do que chega ao mercado editorial ou é publicado pela imprensa brasileira quanto por crônicas de escritores famosos e de novos autores. "Como achei que eu já tinha um pouco de conhecimento a mais sobre o assunto, dispus-me a criar esse espaço."

Essa inquietação de Fendrich quanto ao gênero já dava sinais em sua monografia de conclusão do curso de Jornalismo, apresentada em 2008, nas Faculdades Integradas do Brasil (Uni­­­brasil), em Curitiba. O trabalho intitulava-se "O Conde e o Passarinho: Presença e Características de Notícias e do Jornal nas Primeiras Crônicas de Rubem Braga".

Quando indagado sobre o que é, para ele, a crônica no cenário das letras brasileiras, o jornalista tem a resposta na ponta da língua: "Eu acho que a crônica continua sendo principalmente um problematizador, tanto do jornalismo como da literatura. No jornal, a crônica nega a retórica do discurso e inverte os valores da notícia. Na literatura, rompe as fronteiras de gênero e insiste no circunstancial. Não é de se estranhar que as duas áreas tenham dificuldades para abrigar o gênero, que na verdade parece apontar para a independência".

Projeto

Por enquanto, Fendrich trabalha sozinho na Rubem, mas sua intenção é, em breve, agregar resenhistas e também formar um elenco de cronistas-colaboradores. "Meu esforço maior, por enquanto, tem sido marcar a posição da Rubem como um espaço para se falar sobre crônica."

Para a construção da pauta da revista, Fendrich, que ganha a vida atuando como como jornalista numa consultoria ambiental no Distrito Federal, tenta se informar sobre o que está acontecendo no mundo literário e, se possível, destaca dentro desse noticiário aquilo que está relacionado à crônica. "Se uma editora faz o lançamento de vários livros, interessa-me ver quais são de crônicas. Se acontece uma feira do livro, meu interesse nela é descobrir quais cronistas estarão presentes e quais debates abordarão o gênero."

Ele também cita o site de relacionamentos Skoob (www.skoob.com.br), uma rede social voltada para livros e leitores, como "um exce­­­lente banco de dados para comparar tendências de leitura da crônica". De lá, também saem muitas pautas. "Eu acabo acompanhando os cronistas mais pela leitura dos seus livros do que pela sua publicação na imprensa. Mas isso é mais pela comodidade do livro em relação à leitura na tela do computador, já que não posso ter em mãos todos os jornais. A boa consequência disso é que leio muitos cronistas desconhecidos."

Entre os autores vivos, em atividade, cita Humberto Werneck, Ivan Angelo e Ruy Castro, "que não devem nada aos cronistas clássicos, e mantêm a mesma fluência de linguagem e a mesma originalidade na visão de mundo". Também menciona o amazonense Milton Hatoum, que o surpreendeu bastante com o seu primeiro livro de crônicas, Um Solitário à Espreita, lançado recentemente pela Companhia das Letras. "Acho que faz um tipo de crônica muito difícil de fazer, marcadamente literária, e ao mesmo tempo carregada de uma melancolia que já fez o sucesso da crônica do Rubem Braga."

Também fala de Mariana Ianelli, cujo novo livro, Breves Anotações sobre um Tigre, está lendo e pelo qual está encantado. "Acho que a tendência da Rubem será justamente evidenciar mais esse pessoal."

E Fendrich não se limita a falar de crônicas. Também as escreve. Acaba de lançar Brasília Quando Perto, que reúne textos que escreveu em 2011, pouco tempo após se mudar de Curitiba para lá. São 37 crônicas que cobrem um período de adaptação e descoberta na capital federal. "É um livro simples em que me exponho bastante, pois também essa é, no meu caso, uma das consequências da crônica. Apresento a cidade da maneira que a senti."

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