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Pellanda e Xico Sá: intimidade com o leitor | Fotos: Divulgação
Pellanda e Xico Sá: intimidade com o leitor| Foto: Fotos: Divulgação

Mesa-redonda

Crônica Nossa de Cada Dia, com Luís Henrique Pellanda e Xico Sá

Praça Santos Andrade, (41) 3304-2266. Hoje, às 20 horas. Entrada franca. É necessário fazer uma inscrição prévia no site www.sescpr.com.br/semanaliteraria/programacao/curitiba/.

A crônica é o assunto principal de hoje na 32.ª Semana Literária do Sesc. Dois dos mais relevantes autores contemporâneos, o cearense Xico Sá e o curitibano Luís Henrique Pellanda, vão debater com a plateia a anatomia do "mais brasileiro dos gêneros literários" e a sedução que ele provoca em seus leitores.

Em eventos de literatura, a própria definição de crônica costuma render bons debates. Para Xico Sá, o que define se um texto é uma crônica é antes o conteúdo do que a forma. "Aquela coisa que parece uma conversa fiada e vai puxando o leitor para um café, uma cerveja, uma prosa. Vale sempre a definição do mestre do gênero, Rubem Braga: ‘Quando não é aguda, é crônica’", explica, em entrevista à Gazeta do Povo.

Já Pellanda avalia que as "fronteiras entre os gêneros hoje estão embaralhadas", mas, ainda assim, é possível identificar a crônica pelo ponto de vista de quem a lê. "É um texto literário curto e avesso à pompa, e que aproxima o autor de seus leitores. O que define a crônica é o seu leitor, sua presença e sua expectativa, seu amor ou o seu ódio, nunca a passividade", diz.

O fato de o gênero ser considerado patrimônio literário nacional também será assunto da discussão."Não acredito que seja apenas nossa cordialidade, por exemplo, que consolidou o gênero. Foi a altíssima qualidade da crônica brasileira", opina Xico Sá.

Ele cita como exemplo os nomes de Nelson Rodrigues, Paulo Mendes e outros que têm em comum o fato de trabalharem o gênero nas páginas dos jornais. "A pauleira das redações é a nossa grande escola."

Pellanda revela que há um "truque de sinceridade" na relação do cronista diário com seu leitor. "É como se não houvesse, entre eles, o artifício da palavra escrita, os cachês, a mediação de tantos computadores, a viagem à gráfica e à banca, a angústia do esvaziamento dos assuntos. É como se a crônica brotasse como uma amizade florescida espontaneamente", compara.

Por conta desta intimidade, avalia Xico Sá, o gênero serve de porta de entrada na formação de leitores. O cronista que diz cultivar o gosto pela "crônica vivida, como a crônica sobre a aventura na noite", ressalta, porém, que se o gênero pode parecer mais fácil para o leitor – pelo tamanho e por falar de uma realidade próxima – não o é para o cronista. "Muitas vezes, por trás daquelas pobres trinta linhas sobre a covinha do sorriso de uma mulher, existe uma década de vida e de observação."

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