Miguel Falabella e o elenco de A Vida Alheia: Marília Pêra, Paulo Vilhena, Cláudia Gimenez e Danielle Winits| Foto: Fotos: Divulgação
Vladimir Brichta e Débora Bloch: Separação?! à vista

O brasileiro ainda não tem pleno domínio do vocabulário televisivo do sitcom. Temos exemplos de sucesso: A Grande Família e Os Normais são os mais notáveis. A primeira está no ar há quase dez anos e gerou um longa-metragem de sucesso. A segunda, embora não exista mais, serviu de base, assim como a norte-americana Sex and the City, para dois filmes, mesmo depois de o programa sair do ar. Esses dois exemplos, no entanto, são exceções.

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Todos os anos a Rede Globo e, em menor escala, também a concorrência tentam tirar da cartola novos seriados cômicos. Poucos sobrevivem à primeira temporada. Toma Lá, Dá Cá rendeu três. Seu criador, o ator, diretor e ro­­teirista Miguel Falabella nem esperou o "defunto" esfriar e acaba de estrear um novo título: A Vida Alheia, que está indo ao ar nas quintas-feiras, depois de A Grande Família.

A premissa é interessante. A série pretende retratar os bastidores de uma revista sensacionalista de celebridade, aos moldes de uma Caras ou Quem. Claudia Gimenez é a editora-chefe Alberta, que conduz sua redação com mão de ferro, cobrando o máximo de empenho na busca de escândalos. A dona da publicação, Catarina, é vivida por Marília Pêra, que vive um casamento morno com Júlio (Carlos Gregório), que nem imagina que a mulher acaba de contratar um jovem como repórter. Danielle Winits, como uma jornalista ambiciosa, e Paulo Vilhena, no papel de um paparazzo, completam o elenco principal.

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Apesar de contar com um ponto de partida promissor, A Vida Alheia, pelo menos até o terceiro episódio, ainda não se decidiu entre ser uma comédia rasgada, aos moldes de Toma Lá, Dá Cá, e uma sátira ácida ao mundo da mídia. A direção burocrática do núcleo de Roberto Talma não ajuda muito.

Quem sente saudades de Os Normais, não tem muito por que chorar mais. A série Separação?!, assinada pelos mesmos autores, Fernanda Young e Alexandra Machado, é uma espécie de clone do programa estrelado por Fernanda Torres e Luiz Fernando Guimarães.

Débora Bloch e Vladimir Brichta são respectivamente, Karin e Agnaldo, um casal entre os 30 e os 40 anos que se descobre em profunda crise conjugal. O desgaste da relação se torna evidente nos mínimos detalhes. Ela se irrita com o barulho que ele faz ao mastigar. Ele não suporta olhar para o tufo de pelos que insiste em crescer no dedão do pé da mulher. Isso e muito mais os leva a pensar, seriamente, no divórcio. No entanto, a cisão é sempre adiada, ampliando o território do ódio, o que gera algumas situações hilárias.

Estão presentes no seriado, exibido pela Globo toda sexta-feira depois do Globo Repórter, todos os ingredientes que marcam os roteiros do casal Fernanda e Alexandre: os diálogos en­­­trecortados, pontuados por frases de efeitos, em ritmo de metralhadora giratória. Não faltam, tampouco, as referências escatológicas ou as situações absurdas, que beiram o surreal, como uma diretora de escola que tranca meninas loiras em um armário escuro para purgar um trauma de infância.

Mais ágil e visualmente intrigante que A Vida Alheia, tanto nas soluções de edição quanto nas de direção de arte, Separação?! também não é uma maravilha, porém, tem o mérito de se assumir enquanto comédia de hu­­­mor corrosivo. Talvez se esgote em poucos episódios ou tenha vida mais longa.

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