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Ilana Casoy adoraria viver em um episódio do seriado C.S.I. – Crime Scene Investigation (exibido pelo Sony Entertainment Television) porque, nos minutos finais, os mistérios se resolvem, os culpados são descobertos e presos, quando não morrem tentando escapar.

Ilana, sobrinha do jornalista Boris Casoy, investiga assassinos de carne e osso e, com freqüência, precisa voltar para casa sem saber o desfecho dos casos em que trabalha. Pesquisadora ligada ao tema há mais de uma década, ela é formada em Administração pela Fundação Getúlio Vargas e faz parte do Núcleo de Estudos e Pesquisas em Psiquiatria Forense e Psicologia Jurídica, do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas de São Paulo.

Hoje, é chamada pela Polícia Civil e pelo Ministério Público de vários estados para auxiliar em investigações. Seu papel é elaborar perfis de assassinos em atividade. Seu interesse pelo tema começou pela ficção, com livros e filmes. Na entrevista a seguir, a autora de Serial Killer – Louco ou Cruel?, a ser reeditado pela Arx no segundo semestre deste ano, conta por que as pessoas são capazes de se identificar com um assassino serial que devora suas vítimas.

Caderno G – Quais são os motivos possíveis para o fascínio do público por serial killers?

Ilana Casoy – Eu acho que o fascínio reside no fato de os assassinos serem humanos. Eles são seres humanos, teoricamente, como nós. A gente gostaria que não fosse, a gente gostaria que eles pertencessem a outra categoria. O ser humano acredita que eles são monstros, mas, infelizmente, eles são seres humanos. Então, no que eles diferem das pessoas que não matam? Acho que o fascínio se dá por isso. O que faz uma pessoa, que teve mãe, pai, esposa, filhos, entrar por esse caminho?

Qual é o melhor retrato de serial killer criado pela ficção?

O Silêncio dos Inocentes. Thomas Harris está no topo principalmente porque ele é um cara tão sério que ficou dois anos na unidade de comportamento do FBI para montar o personagem dele. Foi estudar o que são assassinos em série para construir o Hannibal. O Hannibal não é pura imaginação. É o assassino em série mais perto da realidade criado por uma obra de ficção.

A partir das pesquisas que faz, qual o assassino que mais a impressionou?

No Brasil, o Francisco das Chagas, que acompanhei o caso e ajudei a polícia, no Pará e no Maranhão. Ele matou 42 meninos durante 15 anos. Fui chamada por um delegado muito corajoso, que tinha um suspeito e queria saber se ele era compatível. Fiz todo um trabalho de perfil, não fiz sozinha, sempre trabalho com um equipe multidisciplinar, com psicólogos forenses, médicos legistas e peritos. Primeiro, definimos quais eram os crimes de uma mesma autoria. Depois, reconstruímos os crimes de forma a verificar que o perfil do criminoso era compatível com o suspeito que estava preso. Só que ele não iria confessar, ele estava matando há 15 anos, não havia nenhum motivo para confessar. Então precisávamos encontrar provas cabais do envolvimento dele. Fizemos uma estratégia de busca de provas que foi muito importante porque, pelo perfil dele, cheguei à conclusão que ele enterrava algumas partes das vítimas e fomos atrás delas. Encontramos três corpos no chão da sala dele. Aí com essa prova na mão, a gente já tinha pronta uma estratégia de interrogatório, que tinha que ser muito eficiente. Assim terminou a história do maior serial killer do Brasil.

O que se passa quando o público passa a torcer para figuras como Hannibal Lecter?

São as pessoas se identificando com seu lado mal. O que diferencia Ilana, Irinêo de um serial killer é a execução da fantasia. Então, de certa forma, o Hannibal tem um pouco de cada um de nós, só que a gente não vai lá fazer o que ele faz. A gente tem o controle. (IN)

Ilana Casoy, escritora e pesquisadora.

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