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O cinema político parece estar na moda, Desde a década de 70, quando dramas poderosos como Todos os Homens do Presidente (de Alan J. Pakula) e Rede de Intrigas (de Sidney Lumet), enchiam os cinemas e pontificavam na festa do Oscar, que filmes do gênero não causavam tanto alarde quanto no último ano. Dois desses títulos, Munique e Syriana, estão chegando agora às locadoras. Tanto um quanto o outro, de formas diversas, discutem a crise no Oriente Médio, hoje a região mais conturbada do planeta.

Indicado ao Oscar de melhor filme e direção, Munique é uma tentativa louvável do cineasta Steven Spielberg de abordar um tema espinhoso como o terrorismo com algum distanciamento crítico. Percebe-se seu intuito de não tomar partidos ao reconstituir o triste episódio do assassinato de 11 atletas da equipe israelense durante os Jogos Olímpicos de 1972, realizados em Munique.

Vítimas de um atentado planejado por uma organização terrorista palestina, o Setembro Negro, os desportistas foram mortos em um acontecimento que ganhou imensa força mediática por conta envergadura internacional do evento do qual participavam. Spielberg, no entanto, não se limita a contar a história do atentado. Ele descreve de que forma Israel, sob a mão-de-ferro da então primeira-ministra Golda Meir, vingou-se dos culpados pelas mortes dos atletas judeus.

Vigoroso, ainda que um pouco longo demais, Munique tem o grande mérito de, ao mostrar as ações do mossad (serviço secreto de Israel), não retratar o trabalho dos agentes convocados para a missão como um feito heróico. Muito pelo contrário. A trama tira grande parte de sua força da forma como o diretor explora a trajetória emocional e a crise moral enfrentada pelo protagonista, o espião Avner, vivido com sobriedade e competência pelo australiano Eric Bana (de Tróia).

Spielberg, um cineasta que tende sempre a transformar em espetáculo os temas com os quais trabalha, consegue fazer seu filme mais maduro.

Petróleo

Explicar a trama de Syriana, filme que deu a George Clooney um merecido Oscar de melhor ator coadjuvante neste ano, não é tarefa das mais fáceis. Trata-se de uma teia de intrigas e enredos paralelos cujo objetivo é, em última instância, mostrar como o Ocidente está envolvidos até o pescoço com os conflitos entre as nações do Oriente Médio.

E, embora os governos americano e britânico insistam em revestir seus reais propósitos com o verniz das boas intenções, empregando expressões de impacto como “defesa da liberdade” e “luta pela democracia”, o buraco, pelo menos de acordo com Syriana, é bem mais embaixo, no subsolo: o petróleo.

Dirigido por Steven Gaghan, roteirista oscarizado por Traffic, o filme é um prato cheio para quem gosta de histórias envolvendo intriga internacional e política. Deve ser assistido com atenção para que a trama se encaixe perfeitamente na cabeça do espectador. Vale o esforço.

Munique – GGG1/2; Syriana – GGGG

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