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Wes Craven é um mito do cinema de horror. Começou nos anos 70, com a "A Fonte da Donzela", que causou repulsa entre os críticos e aterrorizou o público. Na década seguinte, o cineasta criou o personagem de Freddy Kruger, de "Hora do Pesadelo". O vilão era um homem doentio, com lâminas no lugar de dedos, que se divertia ao mutilar as pessoas em seus sonhos. Nos anos 90, Craven realizou a trilogia Pânico, explorando o gênero terror de maneira auto-referente.

Em entrevista recente, o cineasta disse que o terror não acabará. Sempre poderá ser reinventado. Seu novo filme, "Vôo Noturno", que estréia hoje nos cinemas, não é particularmente original, mas representa uma nova faceta do diretor, na sua tentativa de reinventar a si próprio e criar um filme de "horror adulto".

A história é sobre Lisa Reisert (Rachel McAdams), gerente de um hotel de luxo que retorna para casa depois de acompanhar o funeral de sua avô. É uma mulher determinada e bem resolvida, que leva da experiência do trabalho uma compreensão e paciência com outras pessoas incomuns. Em um aeroporto abarrotado de filas e vôos atrasados, ela conhece e conquista a simpatia de Jackson Pippner (Cillian Murphy, o Espantalho de Batman Begins). O rapaz logo se revela um terrorista e passa a chantagear Reisert.

A idéia de utilizar o terrorismo reforça a proposta de um "horror adulto". As cenas no aeroporto evidenciam o quanto o terrorismo, que hoje parece ser o pior mal sobre a Terra, dentro do imaginário norte-americano, pode estar mais perto do que se espera. Essa é, também, a evidência sobre o quanto o combate a esse mal, de forma quase paranóica, é ineficiente e fácil de ser burlado. A garantia da segurança está mais nas ações de cada indivíduo, não do Estado. Cada um tem de fazer a sua parte para que a sociedade melhore e funcione.

Outro componente "adulto", que afasta definitivamente esse filme do estigma "adolescente" que predominou sobre Craven nos últimos 20 anos, é uma construção propositadamente mais densa e consistente do sofrimento de Lisa Reisert e de seu relacionamento com o pai (Brian Cox, de "Supremacia Bourne"). Embora nem todo o suspense vingue, a direção de Craven é detalhada e simples. Um tipo de talento relativamente raro, de baixo orçamento (custou apenas U$25 milhões), que manipula com destreza recursos como o tempo, a edição e a montagem.

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