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Valéria Borges da Silveira no Theatro São João: “Queremos criar um destino lítero-cultural” | Henri Milléo/Gazeta do Povo
Valéria Borges da Silveira no Theatro São João: “Queremos criar um destino lítero-cultural”| Foto: Henri Milléo/Gazeta do Povo

Durante 50 anos, boneco Simão foi a alegria da Lapa

Uma das histórias que devem estar presente no livro sobre os personagens da Lapa é a do boneco Simão. Vestido de terno branco, chapéu e gravata borboleta, Simão é um boneco de papel machê concebido pelo artista e ventríloquo lapeano Naby Paraná Filho.

Naby era químico e fundou o laboratório do antigo sanatório da Lapa. Também era um artista nato: fez teatro amador e criou ao lado de sua esposa Diorene o personagem que fez a alegria de crianças e convalescentes durante mais de 50 anos. O boneco Simão fez tanto sucesso que chegou a ter inclusive um programa de rádio próprio.

"Ele é um dos nossos filhos. O Naby sabia fazer esquetes como ninguém. Brincava, cantava... Ele falava e ninguém percebia. Ele fez muita gente sorrir com o Simão", lembra dona Diorene.

Desde que Naby faleceu, em 2007, o boneco Simão reside em uma cúpula de vidro na entrada do Theatro São João em cujo palco costumava brilhar.

  • Dona Diorene Paraná olha com saudade para seu

Distante 64 quilômetros ao sul de Curitiba, a cidade da Lapa é famosa por ser o "berço de heróis" do estado. Uma referência à sangrenta batalha do Cerco da Lapa. Durante 26 dias, entre janeiro e fevereiro de 1984, uma guarnição 639 soldados e civis sob as ordens do coronel Gomes Carneiro resistiu ao cerco de uma força muito maior, aproximadamente 3 mil homens armados, que queriam derrubar Marechal Floriano Peixoto da presidência da República.

O episódio militar deixou uma marca eterna na alma lapeana. Porém, é interessante observar que antes disso e até hoje, a cidade mantinha costumes mais nobre e menos beligerantes.

"A Lapa sempre foi uma cidade de intelectuais. A Associação Literária da Lapa (ALL) foi criada em 1873, antes mesmo da Academia Brasileira de Letras", observa a escritora Valéria Borges da Silveira, uma das responsáveis pela reativação da entidade em 2004 e atualmente sua vice-presidente.

"No início, eram só homens. Eles criaram o Theatro São João. Após o cerco e a revolução federalista, a associação foi deixada de lado", conta. "Nós fizemos um trabalho de resgate de documentos dos estatutos e atas e a reativamos, adequando-a à realidade atual. E hoje somos mais mulheres que homens", compara Valéria.

Autora de três livros de poesia e outros sobre a história da Lapa, Valéria e seus colegas da ALL tem se dedicado a projetos literários que buscam manter viva a memória da cidade onde viveu, por exemplo, o poeta libanês Elias Farhat (1891-1976) e onde morreu o contista pioneiro Newton Sampaio (1913-1938).

Lançamento

No próximo dia 21 de outubro, a associação lança o projeto para recolher, entre a a população local, o material para o livro que vai se chamar Histórias que Vi, Ouvi e Vivi na Lapa, a ser lançado no ano que vem.

O livro serve como uma segunda parte do projeto Lapa em Prosa e Verso, que registrou os principais traços, personagens e marcas da história cultural da Lapa em textos literários.

"A ideia é recolher a história viva das pessoas que têm relatos de coisas que aconteceram aqui e não podem se perder", afirma Valéria.

Ele comemora a grande participação da comunidade lapeana em eventos culturais como festival de cinema da cidade, que no ano que vem terá sua oitava edição.

"Queremos aproveitar este potencial histórico para consolidar a Lapa como um destino lítero-cultural do estado", afirma.

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