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Aos 62 anos, Ana de Holanda tem alternado sua carreira musical e no teatro a atuação no serviço público | Gianne Carvalho/Folhapress
Aos 62 anos, Ana de Holanda tem alternado sua carreira musical e no teatro a atuação no serviço público| Foto: Gianne Carvalho/Folhapress

O lobby do atual ministro da Cultura, Juca Ferreira, para continuar no cargo acabou não rendendo resultado. A presidente eleita, Dilma Rousseff, optou pelo nome da cantora e atriz Ana de Hollanda, irmã do compositor Chico Buarque, para comandar a pasta, que tem um orçamento global de R$ 2,3 bilhões, conforme dotação deste ano. Com a escolha, prevaleceu a ideia de Dilma de ter uma mulher à frente do cargo. O nome da artista, ex-diretora de Música da Funarte, foi sugerido pelo PT do Rio de Janeiro.

Recebida com desalento no Ministério da Cultura, que ainda contava com a possibilidade de permanência de Ferreira, a indicação da cantora Ana de Hollanda teve, de maneira geral, boa acolhida no meio cultural. "Foi uma escolha feliz e oportuna", diz o produtor de cinema Luiz Carlos Barreto, liderança na articulação política do setor de cinema. "Ela tem uma compreensão moderna da cultura e não faz parte de jogos de cartas marcadas." Mesmo quem aderiu ao movimento "Fica Juca" considerou boa a opção. "O que não queríamos é uma indicação política, que colocasse no ministério alguém sem ligação com o setor", diz Pena Schmidt, diretor do Auditório Ibirapuera.

Trajetória

Nos últimos três anos, a cantora Ana de Hollanda era a vice-diretora do Museu de Imagem do Som (MIS) do Rio de Janeiro. Como cantora, ela é mais uma das irmãs de Chico Buarque. E aquela com a carreira de menor relevância. Enquanto Miúcha gravou e fez shows com gente como João Gilberto (com quem foi casada e que é pai de sua filha Bebel), Tom Jobim e Vinicius de Moraes, e Cristina Buarque tem um rigoroso trabalho de pesquisa dos grandes sambistas cariocas, Ana, de 62 anos, gravou apenas quatro medianos discos.

No mais recente, Só na Canção (2009), estreou também como compositora, assinando as letras das 14 músicas, em parcerias com o pianista e arranjador Helvius Vilela. Ela estreou aos 16 anos, num espetáculo musical no colégio e, quatro anos depois, em 1968, participou do 3.º Festival Internacional da Canção Popular.

Como vocalista de apoio, também atuou em discos de Toquinho, Fafá de Belém, Tom Jobim e Vinicius de Moraes; estreando em disco solo com Ana de Hollanda, em 1980, pela gravadora Eldorado. Seu segundo álbum, Tão Simples, foi lançado 15 anos depois, na Movieplay; seguido de Um Filme (Jam Music, 2001) e Só na Canção (2009).

Se deve sua carreira musical ao irmão famoso, Ana da Hollanda já tem um bom currículo como administradora pública na área cultural. No início dos anos 80, trabalhou para o primeiro governo de Mário Covas no estado de São Paulo, e, na década seguinte, esteve à frente da Secretaria de Cultura da cidade de Osasco, governada pelo PT.

Sem vínculo direto com o partido, apesar de ser filha de um dos seus fundadores, o historiador Sérgio Buarque de Hollanda, em 2003, Ana foi convidada por Gilberto Gil e pelo ator Antônio Grassi, então diretor da Funarte, para assumir a coordenadoria de Música da fundação, baseada no Rio de Janeiro. Na época, ela justificou sua volta a um cargo político: "Quando saí de Osasco, jurei que nunca mais aceitaria um cargo público. Mas é um momento histórico. Há um compromisso do Lula com a classe artística e eu fui chamada para ser uma das intermediárias desse processo".

Entre as realizações de Ana estavam a reativação da Sala Sidney Miller e dos shows itinerantes do Projeto Pixinguinha. Apesar do bom trabalho que vinha desenvolvendo na coordenadoria de Música, Ana saiu da Funarte protestando contra a forma como Gilberto Gil demitiu Grassi.

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