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São Paulo - Onze anos se passaram até a escritora Adélia Prado publicar seu novo livro de poesias, A Duração do Dia . Um trabalho de criação e reformulação. "Tem poemas muito novos e outros que foram extraídos de material antigo, que em seu tempo não estavam resolvidos como poema, mas agora encontraram a sua forma", disse a escritora. Adélia vive em Divinópolis, Minas Gerais, mas vem deixando o sossego do lar para lançar o livro em outras cidades. Adélia é um fenômeno de popularidade. Em 2007, durante a Festa Literária Internacional de Paraty, a Flip, ela arrebatou uma pequena multidão, emocionada com suas palavras verdadeiras. Capitaneou também uma das mais concorridas sessões de autógrafos da história da Flip, que se estendeu por horas.

No ano passado, no Fórum das Letras de Ouro Preto, apenas Adélia conseguiu lotar o salão reservado aos debates. Com seu inconfundível e adorável sotaque mineiro, Adélia hipnotiza os admiradores ao se revelar uma escritora consciente do papel oracular da poesia e do caráter epifânico da arte.

"Van Gogh pintando objetos velhos é pura transcendência", comentou, em Ouro Preto. "Para mim, a pintura é a arte que mais se aproxima da poesia." São frases desse quilate que atingem seus fãs, que incluem nomes como o da presidente da República Dilma Rousseff.

Condição humana

"Não existe transcendência sem passar pela cozinha e o banheiro, por isso que a literatura é suja, incompleta, com excrementos", continuou, ainda em Ouro Preto. "Sem isso, é impossível escrever sobre a condição humana." É essa mistura da religiosidade com o cotidiano que arrebata os leitores. Afinal, a realidade exerce influência decisiva em sua poesia.

Em A Duração do Dia, por exemplo, há um poema, "O Ditador na Prisão", em que Adélia trata do ex-presidente iraquiano Saddam Hussein. "A poesia não é nem nasce necessariamente do bem-estar", afirma. "Ela vem apesar e por causa de tudo. Por isso, nos consola tanto. A tristeza num poema é alegria, ainda que lacrimosa."

Prêmios

Apesar da variedade de temas (há até uma poesia intitulada "Harry Potter" (em que ela relembra brincadeiras com galinhas da época de criança), Adélia acredita revelar-se por meio dos versos. "Penso que um autor se escreve", observa. "Seu texto é ele mesmo, nem ficção científica escapa. Portanto, se faz uma coisa só, vista a luzes e profundidades diferentes. Do meu limite não há como sair."

A Duração do Dia já iniciou uma carreira consagradora, faturando premiações, como o Prêmio Literário da Fundação da Biblioteca Nacional e a estatueta da Associação Paulista dos Críticos de Arte (APCA), ambos na categoria poesia.

Serviço

A Duração do Dia, de Adélia Prado. Record, 112 págs., R$ 27,90. Poesia.

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