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O Monte Sarmiento está localizado na Terra do Fogo, extremo sul da Patagônia chilena. O lugar só pode ser acessado em uma viagem de barco, que dura 12 horas, atravessando o Estreito de Magalhães. O pico fica a 2.404 mil metros do nível do mar. Um caçula perto do Everest e seus 8,8 quilômetros de altura, ou os 6.959 metros do Aconcágua dos Andes argentinos.

Monica Schmiedt, diretora do documentário em longa-metragem "Extremo Sul", que estréia hoje nos cinemas curitibanos, afirma que a conquista do cume de uma montanha não é um desafio exclusivamente pela distância percorrida. O Sarmiento é isolado, castigado pela chuva durante 340 dias do ano. Poucos realmente viram o topo do monte, porque ele está sempre mergulhado em nuvens densas. A neve, o gelo e os ventos são uma constante. O risco de avalanches também é iminente, explica a cineasta gaúcha.

Com essas características, o pico tornou-se um dos maiores desafios da América do Sul para os alpinistas. Foi alcançado apenas duas vezes. Os pioneiros foram os italianos Carlos Mauri e Clemente Maffei, em 1956. Em 1995, foi a vez de um grupo de alpinistas australianos, ingleses e americanos.

A história e o lugar impressionaram Monica Schmiedt. A produtora executiva de documentários ("A Invenção da Infância"), longas de ficção ("O Quatrilho" e "Memórias Póstumas de Brás Cubas") e de curtas-metragens ("Ilha das Flores") resolveu fazer um filme documental que acompanhasse a conquista do Sarmiento pela primeira vez por uma equipe de alpinistas sul-americanos.

Para co-dirigir, Monica chamou o alemão Sylvestre Campe, cinegrafista gabaritado em filmagens radicais (com trabalhos para os canais Animal Planet, CBS e Globo no currículo). Também foram convidados cinco alpinistas latino-americanos para participar do projeto.

Em março de 2003 um time formado pelos brasileiros Nelson Barretta e Ronaldo Franzen Jr.; os argentinos Eduardo Hugo López e Walter Rossini; e o chileno Julio Contreras – além da dupla de diretores – iniciou sua jornada à Terra do Fogo.

A abordagem de Monica e Campe é focada na rotina dos participantes, na qual está a maior qualidade do filme. "Sempre houve o risco de os alpinistas não chegarem ao cume. Somos prisioneiros da realidade. O nosso desafio é documentar a expedição como ela é: pessoas enfrentado chuva, neve, frio e gelo. Descobrir por que alguém resolve assumir os riscos e escalar uma montanha", explica a diretora.

Fazer o filme não respondeu à essa pergunta, mas trouxe um retrato sobre a vaidade, o individualismo e o significado de um valor tão antiquado como o heroísmo nos tempos da televisão ao vivo e da internet.

Serviço: Página de Extremo Sul na internet: www.extremosul.com.br.

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