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Cena do Espetáculo iTMOi: companhia inglesa faz viagem para dentro da mente de Stravinski | Divulgação
Cena do Espetáculo iTMOi: companhia inglesa faz viagem para dentro da mente de Stravinski| Foto: Divulgação

Opinião

Deca Dance é impactante e imperdível

O nome da companhia Batsheva é sempre sinônimo de inovação extrema na cena da dança contemporânea mundial. Na próxima quarta-feira, a Batsheva Ensemble (uma espécie de categoria de base do grupo, só com os bailarinos mais jovens do elenco) traz a Curitiba o espetáculo escolhido para abrir na semana passada o Festival O Boticário na Dança no Rio De Janeiro. E que mereceu uma ovação de pelo menos dez minutos do público que lotou o lindo Theatro Municipal.

A peça é um antologia de coreografias do grupo em diferentes épocas, sem roteiro. Mas com uma unidade estética arrebatadora e excitante.

A trilha sonora que vai de Vivaldi à Dean Martin, passando pelo doloroso folclore judaico, somada às cenas sobrepostas, dá uma impressão de caos matematicamente programado.

O estilo da companhia é o da dança sem esforço, com prazer evidente", algo que chega à plateia da melhor forma possível.

Há cenas sensuais e sempre divertidas. O palco pode virar uma depravada balada para logo depois ser tomado por um transe religioso. Sem fazer spoiler, há a mais bem-resolvida interação com a plateia que já vi e tudo termina em uma impressionante e violenta cena final com todo o elenco. Os três dias do festival dão a chance de assistir a espetáculos de alto nível a preços baratos, em tempos em que concertos ordinários cobram perto de um salário mínimo de entrada. Imperdível.

Programe-se

Hoje

iTMOi. Companhia Akram Khan

Amanhã

As Canções Que Você Dançou para Mim. Focus Cia. de Dança

Quarta-feira

Deca Dance. Companhia Batsheva

Guairão (R. Conselheiro Laurindo, s/nº, Centro). Às 21 horas. De R$ 20 a R$ 60. Informações (41) 3304-7982.

Uma viagem para dentro da mente do compositor Igor Stravinski (1882-1971). Um olhar inusitado sobre "aquelas" canções do Roberto. E algumas pílulas do "gaga", a linguagem de movimento mais original da dança contemporânea.

Este é o programa que o público curitibano vai poder conferir de hoje até a próxima quarta-feira, sempre às 21 horas, no Teatro Guaíra, na segunda edição do Festival O Boticário na Dança.

O evento abre com a renomada companhia inglesa Akram Khan, que apresenta o espetáculo iTMOi; segue amanhã com o espetáculo da companhia carioca Focus As Canções Que Você Dançou para Mim; e finaliza com o grupo israelense Batsheva Ensemble, que apresenta o espetáculo Deca Dance.

O festival foi aberto no Rio de Janeiro na última quarta-feira, passou por São Paulo no final de semana e depois de Curitiba vai à Recife.

Neste ano, os curadores repetiram a iniciativa de convidar grupos de primeira linha da dança internacional para apresentar projetos que apontem novas tendências do cenário da dança.

"Nossa proposta foi apostar na qualidade. Olhamos para o que estava acontecendo de importante no mundo hoje, para as linguagens que estejam modificando algo na dança atual", explica Sheyla Costa, um das curadoras do evento.

Ao lado do alemão Dieter Jaenicke ela fez as escolhas, seja dos artistas locais como o dos internacionais que buscaram contemplar "origens distintas e estilos inteiramente diversos para dar uma oportunidade rara para o público e profissionais de dança".

Sheyla conta que o festival é apenas a "assinatura aparente de um projeto permanente e cheio de ramificações que acontece durante todo o ano com a abertura de editais de apoio à dança em todo o país."

Balé Guaíra faz chover

O Balé Teatro Guaíra é uma das atrações do festival com uma montagem de A Sagração da Primavera. O grupo curitibano apresentou com grande sucesso no Rio de Janeiro e em São Paulo a coreografia da portuguesa Olga Roriz. No Rio, a montagem chamou a atenção da cena teatral, pois foi a primeira vez que se produziu chuva artificial no palco sagrado do Theatro Municipal. "É ousada, sensual e muito bonita esta montagem", avaliou a curadora Sheyla Costa.

A primeira apresentação de A Sagração da Primavera, em 29 de maio de 1913, em Paris, marcou o início do modernismo. Com um estilo de dança nunca antes apresentado, uma música de estrutura completamente original, o compositor Stravinski e o coreógrafo Nijinski chocaram quem estava por lá. Desde então, Sagração foi interpretada e relida pelos maiores coreógrafos do mundo.

Na mente de Igor

A companhia inglesa Akram Khan sobe hoje ao palco do Guaírão para celebrar o centenário de A Sagração da Primavera, de Igor Stravinski. O badalado diretor e coreógrafo que dá nome ao grupo criou o espetáculo iTMOi (sigla em inglês para in the mind of Igor ou "na mente de Igor") prometendo uma viagem para dentro da mente do compositor russo que revolucionou o mundo da música clássica. "O espetáculo investiga o imaginário do Stravinski. E o faz com uma grande coragem e ousadia ao montar um espetáculo sobre outro espetáculo que mudou a história da dança nos cem anos seguintes", avalia a curadora do festival Sheyla Costa. Com onze bailarinos em cena, o espetáculo tem trilha sonora original de Nitin Sawhney, Jocelyn Pook e Ben Geada.

Ao som do rei

A companhia carioca Focus traz a Curitiba a 170ª apresentação do espetáculo As Canções Que Você Dançou para Mim, que vem de uma temporada em Portugal e nos Estados Unidos. No palco, alegria, amor, ciúme e reencontros ao som de Roberto Carlos. Quatro casais de bailarinos são embalados em uma montagem cuidadosa de 72 canções de Roberto Carlos, com direito a um beijo de "cinco minutos". "É um grande pot-pourri, que passa por estilos distintos da carreira dele, como a fase mais rock-and-roll, o romântico rasgado e outras", explica o coreógrafo Alex Neoral. Ele conta que o espetáculo fez sucesso mesmo em países que não têm o imaginário afetivo com o repertório do "rei", pois a dança é "uma linguagem universal e a dança contemporânea permite que o público se envolva e faça sua próprias interpretações."

Israelense

Deca Dance, o espetáculo que fecha a perna curitibana do festival reúne trechos de diversas coreografias da companhia israelense Batsheva nos últimos 20 anos. A primeira versão nasceu em 2000, para celebrar uma década do coreógrafo Ohad Naharin à frente da companhia. Naharin é famosos por ter criado o "gaga", uma linguagem inovadora de movimento que "une ação ao prazer" e tem status revolucionário no universo da dança internacional. "O nosso interesse é buscar os limites do movimento humano no que ele tem de mais delicado e poderoso", define o diretor da companhia Mathan Cohen. Ele explica que o "gaga" procura uma dança "sem poses, mais casual, e não por isso menos poética de movimentos, que é uma das contribuições mais importantes da companhia e está muito presente neste espetáculo".

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