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Gal Costa tem em comum com Caetano, além da amizade de décadas, a idolatria pela arte de João Gilberto | Gilda Midani/Divulgação
Gal Costa tem em comum com Caetano, além da amizade de décadas, a idolatria pela arte de João Gilberto| Foto: Gilda Midani/Divulgação

Show

Recanto – Gal Costa

Teatro Guaíra (R. Conselheiro Laurindo, s/nº), (41) 3304-7914. Hoje, às 21 horas. Ingressos a R$ 250 (plateia), R$ 180 (1º balcão), R$ 150 (2º balcão e cadeirante). Classificação indicativa: 16 anos.

Gal mergulha no contemporâneo

No novo e excelente Recanto, escrito e produzido por Caetano Veloso, a cantora retoma a relevância na música nacional

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Gal Costa é a maior intérprete da obra de Caetano Valoso, além do próprio compositor e cantor baiano, que completou 70 anos neste mês. Essa afirmação, consenso entre boa parte dos críticos musicais brasileiros, poderá ser colocada à prova hoje, quando a cantora subir ao palco do Guairão, para a apresentação única em Curitiba do show Recanto, que toma como base seu mais recente álbum, de mesmo nome.

Acontece que, no disco, um dos melhores títulos nacionais lançados no último ano, Gal vai além de reafirmar sua competência.

Uma das vozes mais emblemáticas da Tropicália e responsável por vários marcos da MPB nas últimas quatro décadas, como os shows e álbuns Fa-Tal – Gal a Todo Vapor (1971) e Gal Tropical (1979), entre outros trabalhos memoráveis, a cantora, hoje aos 66 anos, voltou à cena neste ano com estrondo.

Em entrevista concedida por e-mail à Gazeta do Povo (leia alguns de seus trechos nesta página), Gal conta que nunca parou, apesar de seu disco anterior a Recanto, Hoje, ser de 2005. "Estava viajando pelo mundo, fazendo shows, cantando meus grandes sucessos." A espera por seu retorno aos estúdios de gravação valeu a pena. E, a julgar pela ótima recepção de Recanto, o show, a densidade, o experimentalismo e a energia, que tanto chamam a atenção no álbum, foram transpostas com êxito para o palco.

Concebido e dirigido por Caetano Veloso, o espetáculo apresenta as músicas de Recanto, todas escritas pelo compositor de Santo Amaro da Purificação e coproduzidas por seu filho, Moreno Veloso, afilhado da cantora. No palco, com o intuito de reproduzir a atmosfera muito particular do álbum, eletrônica e supercontemporânea, Gal é acompanhada por grandes músicos da geração de Moreno, que também vêm trabalhando com Caetano com frequência: Domenico Lancellotti (bateria e MPC), Pedro Baby (guitarra e violão) e Bruno Di Lullo (baixo).

O repertório do show, entretanto, não se limita às canções de Recanto. Há músicas novas, como "Madre Deus" e "Mansidão", e sucessos pinçados do vasto repertório da cantora, como "Da Maior Importância", "Divino Maravilhoso", "Folhetim", "Barato Total", "Mãe", "Dom de Iludir", "Baby", "Vapor Barato", "Força Estranha" e "Meu Bem, Meu Mal". Não falta ao set list, é claro, "Modinha para Gabriela", escrita por Dorival Caymmi para a primeira adaptação para a tevê de Gabriela, Cravo e Canela, romance de Jorge Amado, em 1975, também utilizada na versão atualmente em cartaz na Rede Globo. "Tenho cantado no mesmo tom em que gravei originalmente. É uma música linda de Caymmi numa história, num tema, mais do que bonito de Jorge Amado. Não poderia deixar de cantá-la."

EntrevistaGal Costa, cantora

"É um disco ousado, corajoso e bonito"

Fale um pouco sobre o processo de criação do álbum Recanto. Como e quando surgiu a ideia de você e Caetano Veloso trabalharem juntos em um disco exclusivamente com canções de autoria dele?

Caetano me convidou para fazer esse projeto com composições somente dele e com arranjos eletrônicos. Eu topei, porque tenho uma afinidade musical muito grande com Caetano. E essa afinidade se deve à idolatria que temos por João Gilberto.

Recanto é um disco ousado, quase de vanguarda, em todos os aspectos, musicais e temáticos, no que diz respeito às letras. Em algum momento você hesitou em investir em um projeto tão na contramão do que é considerado comercial e radiofônico nos tempos atuais?

Não hesitei porque sempre gostei de arriscar. Acho importante um artista arriscar e procurar novas linguagens para o seu trabalho.

Se você fizer uma retrospectiva do meu trabalho, verá que há momentos de ruptura, alguns deles bastante radicais. Considero o disco vanguarda e não quase vanguarda. É um disco ousado, corajoso e bonito.

Como você vê a repercussão dessa sua volta ao disco e aos palcos? Tanto o álbum quanto o show foram ovacionados pela crítica. O que você está sentindo?

Eu nunca parei de cantar. Durante todos esses anos em que não fiz nenhum projeto novo no Brasil, eu continuava em turnê pelo mundo, cantando canções de grande sucesso da minha carreira. Com esse projeto novo, é claro que eu me sinto eufórica, renovada, feliz e com muita garra para trabalhar. Fico feliz que a crítica tenha gostado de um disco tão vanguarda e corajoso como é o Recanto, isso demonstra uma capacidade de assimilar o novo.

Recanto é um disco muito sofisticado do ponto de vista sonoro, com arranjos complexos, que deve ter consumido um exaustivo trabalho em estúdio. Como foi transpô-lo para o palco? Como foi a seleção do repertório? Há canções de outras fases de sua carreira?

Não foi exaustivo e nem cansativo, tampouco difícil fazer esse disco no estúdio. Muito pelo contrário, tudo foi natural e espontâneo. As canções do disco Recanto que estão no show, na minha opinião, cresceram muito. Eu também canto canções que gravei ao longo da minha carreira no show e essas músicas soam de forma harmônica com o restante do show. Algumas que não são de Recanto que estou cantando: "Dia de Domingo", "Baby" e "Mãe".

Quais são os compositores das novas gerações que lhe interessam? Tem algum projeto de um novo disco no horizonte?

Já estou pensando em alguns projetos, mas não gosto de falar e revelar essas ideias antes de concretizá-las. Tem muitos compositores brasileiros que eu admiro, das passadas, da minha geração e da nova, mas prefiro não enumerá-los.

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