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“Curitiba está incrível no que diz respeito à vida cultural e, pelo que observo, pela movimentação dos artistas, a cidade ainda tem muito a avançar”, diz a atriz Helena Portela | Daniel Castelano/Gazeta do Povo
“Curitiba está incrível no que diz respeito à vida cultural e, pelo que observo, pela movimentação dos artistas, a cidade ainda tem muito a avançar”, diz a atriz Helena Portela| Foto: Daniel Castelano/Gazeta do Povo

Trilogia de Helena

Saiba mais sobre as três peças de que Helena Portela vai participar este ano

Medeia

O clássico do teatro grego apresenta uma mulher complexa para quem nada é apenas o que parece: amor é ódio, e vice-versa. "Medeia é uma das figuras femininas mais impressionantes da dramaturgia universal", diz Helena. A atriz está otimista em relação ao espetáculo, seja porque a direção será do consagrado Marcelo Marchioro e também porque ela vai dividir o palco com a mãe, Claudete Pereira Jorge. Mãe e filha vão interpretar Medeia em momentos diversos da trajetória da personagem.

Giacomo Joyce

Esse texto póstumo de James Joyce (1882-1941) traz uma voz, indiscutivelmente masculina, muito erótica, a respeito de uma relação entre um professor e uma aluna. Octávio Camargo, o diretor da montagem, observa que Joyce foi professor e pode ter tido uma relação amorosa com uma aluna. "Mas o fato mais importante é que a Helena Portela vai imprimir uma voz e uma dicção feminina para um texto afirmativamente masculino, o que tende a provocar um efeito muito interessante", diz Camargo, ressaltando que a tradução é de Paulo Leminski, o que, para ele, "faz toda a diferença".

O Visitante

O enredo da peça coloca em cena uma família que recebe a visita de um corcunda e, a partir disso, o que era sólido se desmancha no ar. "Todas as quase verdades, os não-ditos, passam a perturbar a ordem e o estar das coisas, mas eu acredito que o corcunda não é o visitante. A Hilda Hilst (a autora do texto) é muito sutil. Quando você pensa que entendeu, ela te dá uma rasteira", diz Helena a respeito do montagem já exibida em 2009 durante breve temporada no Espaço Holístico Paramitta.

2010 se anuncia como um ano para ficar marcado na vida de Helena Portela. Ainda no primeiro semestre, ela dividirá com a mãe, Claudete Pereira Jorge, o papel central em Medeia, clássico grego que será encenado no Teatro Guaíra, com direção de Marcelo Marchioro.

Depois de julho, participará da montagem de Giacomo Joyce, escrito por James Joyce (1882-1941), projeto de dramaturgia de Octávio Camargo.

Antes disso, em março, ela estará em cena no Fringe, durante o Fes­­­­tival de Curitiba, com o espetáculo O Visitante, texto que Hilda Hilst (1930-2004) escreveu para o teatro.

Helena faz um brinde ao ano novo.

Ela começa a ultrapassar uma barreira imaginária que, até então, parecia intransponível. O fato de ser filha de uma das mais respeitadas atrizes em atividade no Paraná simbolizava até pouco tempo, mais que uma sombra, uma trava. A superação do bloqueio teve início há três anos, quando mãe e filha atuaram lado a lado em Final do Mês, peça de Alexandre França. "Foi nessa montagem que a Claudete me deu o ‘alvarᒠde atriz", conta, com um imenso sorriso, Helena.

A atriz, de 29 anos, conheceu Umuarama, Coronel Vivida, Xanxerê, Rio Negro e outras cidades durante viagens de trabalho. Esteve no elenco de várias montagens, algumas produzidas por seu pai, Nautilio Portela. Na estrada, Helena aprendeu, mais do que representar, que o teatro tem muito pouco glamour. Ela limpou palco, colou cartazes e lavou figurino. Apresentou-se em salões paroquiais e Centros de Tradição Gaúcha.

A filha de dois experientes profissionais de artes cênicas, hoje separados, percebeu que o ofício é difícil, mas ela decidiu seguir pelos nada fáceis caminhos do teatro.

A entrevista aconteceu em meio aos corredores do Teatro Guaíra, espaço que a atriz conhece bem. Ela conta que cresceu por ali, vendo a mãe atuar, observando o pai envolvido na produção de montagens.

Helena cumprimenta muitos dos funcionários da instituição, e trata a todos da mesma maneira, com um sorriso, um abraço e um comentário animado.

De repente, entre um e outro degrau de uma escada, ela diz que até flertou e ficou entusiasmada com outras profissões, mas hoje não se imagina fora do universo artístico.

O fuso horário de Helena é quase o oposto dos quase dois milhões de curitibanos. Ela vai dormir às 7 horas (da manhã) e acorda às 15 horas. A atriz passou a aceitar esse horário alternativo há pouco tempo, apesar de, desde menina, funcionar melhor depois da meia-noite.

Há quatro anos, ela vive com o músico Troy Rossilho, que se apresenta em bares no período noturno e aproveita as madrugadas para compor e gravar canções no estúdio situado no terceiro andar do sobrado onde o casal reside.

E se vier um filho? "Daí, então, vou ter de me adaptar ou modificar o meu fuso horário", afirma.

Helena acorda antes das 15 horas quando tem compromissos profissionais, como é o caso dos comerciais (para a televisão) que grava, uma vez por mês, para a Casa China.

Mas, no geral, Helena faz das noites o momento para estudar textos dramáticos e literários e, também, realiza uma das atividades que mais gosta, que é cantar.

Ela conta que desde muito quis ser cantora. Faltava oportunidade. Ao conhecer Troy, além de viver uma história de amor, começou a soltar a voz. Hoje, tem o estímulo de amigos músicos e compositores, como Octávio Camargo e Chiris Gomes, que a incentivam a cantar.

Helena está em férias nesses primeiros dias de janeiro, mas, antes do final do mês, retoma o estudo dos textos das peças em que vai atuar em 2010. Ela faz questão de afirmar que é muito grata à vida. "Deus é tudo para mim", conta, dizendo ainda que reza muito, gosta de perdoar e de pedir perdão.

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