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Um grupo de israelenses que perderam os filhos em atentados suicidas palestinos pediu na quarta-feira aos organizadores da cerimônia de premiação da Academia, no domingo, que desqualifiquem um filme que explora as razões de tais ataques.

Os pais desolados disseram ter reunido mais de 32 mil assinaturas em um abaixo-assinado contra a indicação de "Paradise now" na categoria de melhor filme estrangeiro. O longa fala sobre dois amigos da Cisjordânia que são recrutados para uma missão suicida em Tel Aviv.

O polêmico filme foi feito por um diretor árabe-israelense e atores que trabalharam com uma equipe palestina e em locações em territórios palestinos. O produtor é judeu e o patrocínio veio da Europa.

Yossi Zur, cujo filho adolescente Asaf foi morto em um ataque a bomba em um ônibus, acusou o filme de retratar de modo solidário uma tática saudada por muitos palestinos no levante que já dura cinco anos na região.

- O que eles chamam de 'paraíso agora' nós chamamos de 'inferno agora', todo dia - disse Zur a jornalistas. - É uma missão do mundo livre não premiar tais filmes.

Especialistas da indústria cinematográfica disseram que é inédito um filme indicado ao Oscar ser retirado da competição. A cerimônia deste ano será realizada em 5 de março.

As principais redes de cinema israelenses boicotaram "Paradise now", com as distribuidoras citando preocupação de que o retrato de homens-bomba feito pelo filme pudesse resultar em uma baixa bilheteria e mesmo em boicotes aos cinemas.

O filme mostra os palestinos lamentando-se sobre a vida sob a ocupação israelense, mas os personagens também debatem se é válido apelar à violência.

Um dos protagonistas aceita a missão suicida para se livrar da culpa de ter um parente que espionou para Israel, uma declaração sobre as complexas pressões sobre a sociedade palestina.

Os palestinos que buscam independência em Gaza e na Cisjordânia, regiões ocupadas por Israel na guerra de 1967, ganharam um governo limitado sob acordos interinos que formaram a Autoridade Palestina. Alguns judeus se opuseram à cessão de terras, que são vistas por eles como um direito de nascimento bíblico.

O levante que surgiu em 2000 e a vitória nas eleições palestinas, no mês passado, do grupo militante islâmico Hamas diminuíram a esperança de uma coexistência pacífica os dois Estados.

Apesar de seu tema polêmico, "Paradise now" ganhou um Globo de Ouro em janeiro, aumentando suas chances ao Oscar.

A Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood já está estudando como apresentar a origem do filme. O site da Academia listou a obra como vindo da "Palestina", provocando reclamações israelenses de que o Estado nem mesmo existe.

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