Os amantes do cinema mudo terão um prato cheio neste fim de semana, no Barracão EnCena. Uma Vez, Nada Mais, com direção da baiana Hebe Alves, reproduz no palco a estética das décadas 30 e 40, com o encanto gestual da era dos filmes sem palavras.
"O cinema mudo tinha seu próprio alfabeto. O olhar para cima significava a renúncia, a boca apertada era raiva, e assim vai", enumera Hebe, que conversou por telefone com a Gazeta do Povo.
Usando essa linguagem, duas atrizes contam a história de uma costureira sonhadora e humilde (Aícha Marques), cujo amor não é correspondido, às voltas com uma cliente glamorosa e, o que é melhor: noiva (Maria Menezes).
"A ideia era pensar sobre as exigências impostas ao amor das mulheres pela mídia, sempre produzindo e divulgando modelos de comportamento", explica Hebe.
O caráter "Ofélia" da mulher que sofre por um homem e é excluída do protagonismo da própria vida é enfatizado com o uso de várias canções da MPB ao melhor estilo "ele não me dá bola". O título é inspirado no sucesso musical "Solamente Una Vez", do mexicano Agustín Lara.
Além da música, novelas e propagandas de rádio e televisão completam o "texto" da peça, que recebeu o Prêmio Braskem de Melhor Espetáculo e Melhor Atriz para Aícha Marques. Com o Prêmio Funarte, a peça circula agora por cinco capitais: além de Curitiba, estão incluídas Vitória, Belo Horizonte, Florianópolis e Porto Alegre.
Estalo
A origem da linguagem de Uma Vez, Nada Mais surgiu em exercícios de teatro. Com um trabalho bastante centrado no corpo do ator, Hebe, que também é professora, conta que treinava movimentos que simulam a câmera lenta quando lhe ocorreu a ideia de experimentar cenas ao estilo do cinema mudo. O resultado saiu melhor que o esperado e ela incluiu o recurso em algumas montagens. Depois, foi convidada para a direção da peça pela dupla.
O espetáculo será apresentado no sábado (21h) e no domingo (20h).
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