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Clarissa e Patrícia (ao fundo) contracenam no primeiro capítulo da trilogia | Marco Novack/Divulgação
Clarissa e Patrícia (ao fundo) contracenam no primeiro capítulo da trilogia| Foto: Marco Novack/Divulgação

Teatro

Veja a programação deste e outros espetáculos no Guia Gazeta do Povo.

Aviso a grávidas e demais hiperssensíveis: abstenham-­se de assistir a Para Poe, que estreia hoje no Teatro Novelas Curitibanas. Para todas as outras categorias, o espetáculo que presta homenagem ao escritor norte-americano mestre do horror Edgar Allan Poe (1809-1849), sem contudo citar textos ou personagens seus, promete provocar várias sensações.

A começar pela trilha sonora, que recepciona o público desde a entrada e povoa a peça com sucessos de George Michael e Erasure. A própria protagonista se chama Siouxsie (Clarissa Oliveira), em alusão à cantora britânica pós-punk famosa nos anos 1970 e 1980 (veja o serviço completo no Guia Gazeta do Povo).

Outro atiçamento dos sentidos vem pelo visual, com um cenário (Paulo Vinícius) jovem e metálico. O figurino (Amábilis de Jesus) também contribui para o clima, em meio a pretos, vermelhos e rasgos.

Uma sensação que poderá sobrepujar as demais percepções é a náusea causada pela alimentação de um zumbi (Thiago Inácio), nutrido a "cérebro".

O grupo manuseia – literalmente – questões da comédia grotesca, e nisso se mostra corajoso e experimental. A ausência de sangue é um elemento que imediatamente afasta a estética daquela desenvolvida há mais de uma década pelo diretor Paulo Biscaia Filho, especialista na arte do macabro que já abordou mais de uma vez a obra de Allan Poe.

O texto, assinado por Clarissa e Thiago, apresenta o que parece ser um relacionamento entre a gótica e o zumbi chamado Poe. As falas, calcadas em pensamentos com graus variados de novidade, saltam de um ponto a outro no que parece ser uma ausência de destino. Entre as conturbadas interações do casal, um cérebro gigante (Patrícia Cipriano) interpõe comentários sagazes e obstinados – os olhos bem abertos.

Ao redor da cena, um cowboy (Erick Alessandro) faz as vezes de narrador, numa referência ao seriado The Walking Dead. Se ele passa quase toda a peça à margem do cenário, no próximo capítulo da trilogia agora iniciada deverá ganhar protagonismo – o projeto está sendo submetido a programas de seleção e incentivo.

Cada espectador poderá tirar suas próprias conclusões sobre o que acontece no palco, já que a obra tem fisicalidade e ação, mas os diálogos deixam em aberto a identidade dos personagens. Seriam uma mesma pessoa, com vários desdobramentos?

A criação é uma colaboração entre toda a equipe, que contou com o preparo de atores da experiente Mariana Zanette.

Peça “Para Poe” mistura Edgar Allan Poe e cultura pop

a comédia irônica, o amor platônico de uma mulher por um zumbi levanta a discussão sobre a existência humana. A peça fica em cartaz até o dia 4 de agosto no Teatro Novelas Curitibanas.

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