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Um quarteto de cordas com 21 anos de idade está entrando na fase de maior produtividade de sua história. A partir do próximo mês, os quatro integrantes do Quarteto Iguaçu entram em estúdio para gravações. Devem sair de lá com três discos novos. Quase uma façanha, considerando as dificuldades de fazer música erudita no Brasil. Os CDs devem ser lançados até o fim do ano.

O Iguaçu é um dos raros responsáveis por manter viva a música de câmara em Curitiba. Fundado em 1984, no Ceará, o grupo se radicou no Paraná nos anos 90. Já gravou quatro discos, ganhou prêmios, e fez apresentações em todo o país. Isso não quer dizer que não enfrente os problemas típicos de quem decide ganhar a vida com arcos e partituras. "Faltam patrocínio, convites para apresentações. É preciso tocar em mais de um grupo ao mesmo tempo", resume o violista José Maria Magalhães, fundador do quarteto. Os outros integrantes são Priscila Vargas e Martina Lohmann (violinos) e Jessiane Frufrek (violoncelo).

Para superar as dificuldades, o grupo deixou de tocar apenas música erudita e passou a incluir no seu repertório composições mais populares. Hoje, conseguem viver exclusivamente da música. Mas não só dos frutos do quarteto. Todos eles tocam em orquestras e dão aulas de música.

"Mas a impressão às vezes é de que vivemos pedindo. Pedimos apoio, patrocínio, mídia", diz Magalhães.

O ponto positivo da rotina de ir a empresários para conversar sobre dinheiro é que o grupo acabou descobrindo que, em alguns casos, existe do outro lado da linha um interesse particular pela música de câmara. São executivos que se dedicam à música e que encontraram no quarteto uma forma de mostrar ao mundo o que produzem em suas horas fora do escritório.

Resultado: o quarteto já está gravando o seu segundo CD exclusivamente com composições de empresários. O primeiro foi o do cearense José de Arimatéia Santos, do grupo Édson Queiroz. O segundo será com música do paranaense Francisco Cunha Pereira Neto, do grupo RPC.

Desde o ano passado, o quarteto já vem tocando uma composição do paranaense. "É um hino a Nossa Senhora, muito bonito", diz Magalhães. O violista conta que todas as composições de Francisco Neto foram feitas originalmente para piano e transcritas pelo grupo para o formato de cordas. "As pessoas acham às vezes que só por ter sido escrita por um empresário não deve ser música boa, mas não é o que estamos descobrindo", diz.

Magalhães diz que isso também ajuda o grupo a lançar novos compositores, que poderiam ter o seu material guardado numa gaveta pela vida inteira, sem que alguém se interessasse em divulgá-lo. Assim, o quarteto também tocou música de Marcos Vinícius Filho, um jovem de apenas 16 anos. E ajudou a divulgar o trabalho do arranjador Ricardo Petrarca, também do Paraná.

Além de "Retratos", o disco de Francisco Cunha Pereira Neto, o grupo também vai gravar no próximo mês um CD de música clássica brasileira e outro com composições ligadas ao folclore. No primeiro, entram Villa-Lobos, Oswaldo Lacerda e Alceo Bocchino. No segundo, peças que mostrem a cultura das diversas regiões do país, do Paraná ao Nordeste. Todos os discos devem estar prontos para lançamento ainda antes do fim do ano.

Agora, o grupo só espera que o trabalho traga resultados e mais propostas para tocar no Paraná. "Temos tocado no país inteiro, de Fortaleza a Macapá. Mas aqui, onde estamos morando, os convites são mais raros", conta Magalhães.

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