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O escritor angolano José Eduardo Agualusa ganhou o prestigioso Prêmio de Ficção Estrangeira conferido anualmente pelo jornal inglês "The Independent" (Independent Foreign Fiction Prize). O resultado foi anunciado terça-feira (1º), em Londres. Agualusa – que lança este mês no Brasil seu sétimo livro, "As mulheres do meu pai", pela editora Língua Geral, da qual é sócio – recebeu a premiação pelo livro "O vendedor de passados" (Forense), lançado em 2004 e traduzido para o inglês por Daniel Hahn para a Arcadia Books, sob o título "The book of Chameleons".

Primeiro africano a ganhar o prêmio, Agualusa concorreu com outros cinco indicados: o espanhol Javier Marias ("Your face tomorrow 2: dance and dream"); a alemã Eva Menasse ("Vienna"); o sueco Per Olov Enquist ("The story of Blanche and Mary"); o norueguês Dag Solstad ("Shyness and Dignity"), e o grego Vangelis Hatziyannidis ("Four Walls"). O prêmio celebra um trabalho excepcional de ficção por um autor vivo que tenha sido traduzido para o inglês e publicado no Reino Unido no último ano.

- O livro de Agualusa é um delicioso, emocionante e revelador romance sobre a África moderna. Ele é memorável por sua originalidade e profunda humanidade e abençoado por uma cativante tradução do português feita por Daniel Hahn - disse Boyd Tonkin, que fez parte do júri e é editor do suplemento literário do jornal inglês.

Entre outros autores agraciados pelo prêmio anteriormente estão o tcheco Milan Kundera e o turco Orhan Pamuk.

Nascido em Huambo, Angola, em 1960, José Eduardo Agualusa estudou agronomia e silvicultura antes de se dedicar à literatura. Em 1988, publicou seu primeiro romance, "A conjura". Seguiram-se "Estação das chuvas" (1997), "Nação Crioula" (1998), "Um estranho em Goa" (2000), "O ano em que Zumbi tomou o Rio" (2002) e "O vendedor de passados" (2004). Seus livros já foram traduzidos para inglês, alemão, francês, espanhol, italiano, sueco, dinamarquês, bengali e catalão. Com os jornalistas Fernando Semedo e Elza Rocha, ele publicou em 2003 uma grande reportagem sobre a comunidade africana em Lisboa, intitulada "Lisboa Africana". Sua participação na 1ª edição da FLIP – Festa Literária Internacional de Parati, em 2004, contribuiu para popularizar sua obra no Brasil.

Agualusa escolheu o Brasil para fazer o lançamento mundial de seu novo romance. "As mulheres do meu pai" chega às livrarias brasileiras este mês com noites de autógrafos em São Paulo e Rio de Janeiro. Antes, porém, o escritor participa, em João Pessoa, do Cineport, festival itinerante de cinema dedicado aos países lusófonos.

O livro, o sétimo da carreira de Agualusa, surgiu de uma viagem que ele fez pela África com a intenção de escrever um roteiro para cinema.

- A idéia inicial era fazer o guião e somente depois o romance, mas este acabou se impondo primeiro - justifica.

O resultado é uma narrativa feita em dois planos, alternando e inter-relacionando realidade e ficção. O autor cruza o relato de sua própria viagem com a da personagem Laurentina Manso, diretora de cinema e documentarista que atravessa a África Austral para tentar reconstituir a vida do pai, Faustino Manso, famoso músico angolano que deixou sete viúvas e 18 filhos espalhados por diversos países do continente.

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