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Tiê, em sua casa: “Neste disco, ainda falo de amor" | Adriano Vizoni/Folhapress
Tiê, em sua casa: “Neste disco, ainda falo de amor"| Foto: Adriano Vizoni/Folhapress

CD

Esmeraldas

Tiê. Warner Music Brasil. R$ 29,90, em sistema de pré-venda. Lançamento no dia 23. A faixa "A Noite" está em pré-venda no iTunes a partir de hoje.

Na infância da cantora e compositora Tiê, os corredores de sua casa eram tomados por trilhas infantis como Saltimbancos, mas também por Milton Nascimento, Caetano, Gil. Nas festas de Natal na casa da avó Vida Alves, atriz que protagonizou o primeiro beijo na tevê, a criançada era escalada para peças que tinham a família de plateia.

Tiê aproveitava aquelas oportunidades para exercitar seus dotes artísticos, mas nunca com pretensões de segui-los profissionalmente. "Sempre achei que ela tinha facilidade de comunicação", diz Vida, já identificando, à época, o potencial da neta. E Tiê explorou esse potencial de várias formas.

Em 2000, partiu para Nova York e ficou um ano por lá. Quando voltou, continuou cantando. A guinada em sua vida aconteceu quando abriu o Café Brechó, ao lado do antigo prédio da MTV. O compositor Toquinho aproveitou o intervalo de gravação em um estúdio nas proximidades para almoçar naquele lugar. "Ali fiquei sabendo que uma das sócias cantava muito bem. Convidei-a para ir ao estúdio onde eu estava gravando. Fiquei impressionado com a delicadeza da sua voz", lembra Toquinho.

Durante dois anos, ela acompanhou o músico em seus shows. Até que resolveu dar um tempo para si, pegar um caderninho e compor. Foi quando, finalmente, se deu conta do sentido de ser cantora: interpretar o próprio repertório. Aconselhada pelo produtor Plínio Profeta, aprendeu a tocar violão. Trancafiou-se em casa e só saiu quando estava tinindo no instrumento.

Estava pronta para entrar em estúdio. O mesmo Profeta produziu seu belo, denso e independente primeiro disco, Sweet Jardim, de 2009. Em 2011, veio o ensolarado O Coração e A Coruja, já com aporte de uma gravadora e com direito à música "Piscar o Olho" na trilha da novela Cheias de Charme. Agora, Tiê lança seu terceiro disco, Esmeraldas, cujas canções se mantêm impregnadas por suas vivências pessoais – e com um reforço e tanto: o músico escocês David Byrne.

Aos 34 anos, a cantora e compositora paulistana Tiê vive às voltas com as delícias e as loucuras de ser mãe de duas meninas, Liz, de 4 anos, e Amora, de 1, além de ter de dar conta dos afazeres domésticos, de sua produtora, a Rosa Flamingo (colada à sua casa, na Lapa, em São Paulo), e, ufa, de sua agenda de shows. Em meio a esse turbilhão, ela se viu acometida por uma doença, talvez a mais temida pelos compositores: um bloqueio criativo.

Parceiros

Para desencantar e chegar a Esmeraldas, a compositora recorreu a aconselhamentos de amigos e outros nem tão próximos assim. Caso de um ex-Talking Heads de nome David Byrne. Tiê conheceu pessoalmente o músico escocês em 2011, quando ele foi assistir a um show dela e de Tulipa em Nova York. O intermediário desse encontro foi o percussionista brasileiro Mauro Refosco, um amigo em comum dos dois.

Talvez solidário com a aflição da colega compositora, Byrne a ajudou. E rápido até. Três dias depois de uma conversa em tom confessional durante um almoço em Nova York, ele avisou Tiê que tinha encontrado duas músicas e lhe enviou ambas para ver o que queria fazer com elas. Mandou dois esboços: um afoxé, que ela guardou; e a outra que tinha um início de letra.

O disco conta com outra colaboração afetiva para Tiê: Guilherme Arantes contribui com seu piano também pop em "Máquina de Lavar". "Eu amo o Guilherme de paixão, sou fã, conheço tudo", diz Tiê, que já havia participado do novo disco dele, Condição Humana, lançado no ano passado.

A produção de Esmeraldas é compartilhada pelo brasileiro Adriano Cintra, ex-Cansei de Ser Sexy, e pelo americano Jesse Harris (vencedor do Grammy pela canção "Dont Know Why", conhecida na voz de Norah Jones). A cozinha musical, com bateria, baixo, guitarra, foi gravada no Brasil, e levada pronta para os EUA, onde foram acrescentados cordas, metais, sopros, percussão. "Neste disco, ainda falo de amor, sinto que é autobiográfico, como os outros dois", avalia Tiê. "Retrata claramente minha fase agora: sou uma pessoa rodeada de amor, mas também já estou sem paciência. Ainda são letras simples que narram minhas histórias, mas de forma menos ingênua talvez."

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