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Gláucia Rodrigues e Marco Pigossi vivem João Grilo e Chicó: dupla de tram­­­­biqueiros | Guga Melgar/Divulgação
Gláucia Rodrigues e Marco Pigossi vivem João Grilo e Chicó: dupla de tram­­­­biqueiros| Foto: Guga Melgar/Divulgação

Quem assistiu ao filme O Auto da Compadecida (de Guel Arraes, 2000) tem agora a chance de ver a peça de mesmo nome, de autoria de Ariano Suassuna, em sua versão original, em cartaz no Guairinha de hoje a domingo.

Com o texto na íntegra, a montagem de Sidnei Cruz começa com um prólogo em que palhaços apresentam a trama, protagonizada por João Grilo (que é vivido por uma mulher, Gláucia Rodrigues), um nordestino pobre e mentiroso, e seu escudeiro Chicó, o homem mais covarde do planeta.

No desenrolar da trama, João e Chicó enganam todos ao seu redor e acabam cutucando o perigoso cangaceiro Severino de Aracaju. As trapalhadas do personagem principal o conduzem até ao céu, onde Nossa Senhora tenta salvá-lo no Juízo Final, momento em que o diabo quer abocanhá-lo.

"Geralmente as pessoas eliminam os palhaços, que também modificam cenários e dão uma explicadinha no que o autor quer questionar, que é a moral da mentira", lembra Gláucia, também produtora do espetáculo. Nessa versão, os personagens circenses foram substituídos por brincantes identificados com as festas daquela região.

Outra tradição, reforçada pelo filme de Arraes, é retratar a pobreza do protagonista como indigência, com farrapos.

"Buscamos inspiração mais na cultura das artes nordestinas e no culto a Lampião do que na ideia de miseráveis flagelados, somadas à tradição ibérica."

Indicado ao Prêmio Shell pelo figurino no ano passado, o trabalho vestiu os personagens com terninhos de couro e roupas bordadas à mão que também remetem ao séquito de seguidores de Lampião. "Eles carregavam máquina de costura junto", diz Gláucia, referindo-se às andanças do bando que na década de 1930 percorreu o Nordeste do país.

Outro acréscimo aos acessórios foram estandartes – brasões muito utilizados nas festas nordestinas.

A versão que chega a Curitiba foi autorizada pelo autor, Ariano Suassuna, paraibano que teve também O Santo e a Porca montada por Cruz – dessa vez com a oportunidade de mostrar o resultado ao dramaturgo, que teria gostado do que viu.

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