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Obra de Jeongmoon Choi, exposta no Museu Oscar Niemeyer, usa luz e fios de algodão para criar efeito holográfico. | Henry Milleo/Gazeta do Povo
Obra de Jeongmoon Choi, exposta no Museu Oscar Niemeyer, usa luz e fios de algodão para criar efeito holográfico.| Foto: Henry Milleo/Gazeta do Povo

Artistas da Bienal de 2015 como de Julio Le Parc, Jeongmoon Choi e Helga Griffths, cujas obras estão expostas no Museu Oscar Niemeyer (MON), estimulam o público a “entrar” em suas obras e até a tocá-las. O resultado são exposições que se conectam mais facilmente com o público e se tornam divertidas – inclusive para crianças. Mas será que era esse o objetivo?

Na opinião do artista plástico Geraldo Leão, uma obra de arte pode cumprir seus outros propósitos – suscitar problemas, questionar nosso entendimento da realidade – ao mesmo tempo que entretém. E, se as crianças estão se divertindo com elas, essa é uma boa impressão para elas guardarem de um passeio no museu.

Museus precisam de arte divertida

Mesmo que a relação do espectador com as obras não aconteça do jeito ideal, ainda assim há uma função para a arte que “simplesmente” diverte, de acordo com especialistas

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Mas a experiência não deve se resumir a isso. “O problema não está no aspecto interativo do trabalho, mas no uso que se faz dele. Um trabalho pode ser muito profundo sendo ou não sendo interativo. O problema é quando a ênfase fica na interatividade e não nos significados e as discussões que o trabalho poderia trazer”, diz Leão, que é professor do Departamento de Artes da UFPR.

O curador geral da Bienal de Curitiba, Teixeira Coelho, diz que a diversão, embora não seja o único objetivo dos artistas mencionados, é uma consequência assumida por eles – “e, mesmo, reivindicada”, explica, em entrevista por e-mail à Gazeta. Para ele, a arte não tem o dever de conter discursos de denúncia social, por exemplo, já que eles já são ditos por outros meios. “A arte hoje faz melhor ocupando-se daquilo que os outros meios não têm como alcançar. Portanto, sim – a arte serve também para divertir, embora essas [obras] tenham outros objetivos (como o de propor uma experiência do belo e uma noção de percepção do espaço, vivido de modo inconsciente pela maioria das pessoas na maior parte do tempo)”, escreve.

Não é para mim

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Para o professor, escritor e crítico Benedito Costa, as experiências sensoriais são importantes para trabalhos como os do franco-argentino Julio Le Parc. “Ainda há quem trabalhe o cheiro, o tato, etc. Mesmo o medo… No Olho, há espaços que são tão escuros e instigantes que provocam certo receio. Há um espaço, mesmo, que desestrutura quem está lá dentro, pois ele é móvel. Ouvi uma pessoa dizendo que estava tonta e que precisava sair. O bacana dessa arte é que ela coloca o apreciador no centro da atenção, ‘com’ a obra. Ele faz parte dela naquele momento.”

“Mesmo que o sujeito não ‘entenda’ a obra (e talvez não haja nada para ser entendido), há uma investigação das coisas do mundo — e é isso que interessa”, diz.

[A luz] responde a questões fundamentais dos artistas em momentos específicos da história da arte.

Teixera Coelhocurador da Bienal de Curitiba.

Entendimento

Coelho, por outro lado, destaca a importância dos “comentários de parede” e os catálogos das exposições para situar o visitante no “universo teórico” ocupado por essa arte. “Obras como a de Julio Le Parc podem nos transformar, sobretudo quando nos damos conta do que está implícito nas propostas dos artistas”, diz. “A ‘arte da luz’ não é apenas divertida. Ela responde a questões fundamentais dos artistas em momentos específicos da história da arte. A arte da luz está intimamente relacionada com a arte do movimento, uma proposição essencial da arte dos anos 50 em diante. Saber aquilo a que uma obra de arte se opõe é ampliar o conhecimento daquilo de que essa obra se distancia e dessa mesma obra”, explica.

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