
A ideia nasceu de uma foto despretensiosa, feita porque não havia mais nada para fazer – e porque as quatro irmãs Brown simplesmente estavam lá.
O fotógrafo americano Nicholas Nixon e sua esposa, Bebe, estavam em mais uma das visitas familiares que faziam aos finais de semana. Entediados, se reuniram para uma fotografia de Bebe com as três irmãs.
A primeira, feita em agosto de 1974, foi descartada. Mas a ocasião se repetiu no ano seguinte, quando as irmãs tinham 15 (Mimi), 21 (Laurie), 23 (Heather) e 25 (Bebe). Desta vez, Nixon ficou satisfeito com o resultado. E repetiu a foto em 1976, “sem mais nem menos”, quando Laurie se formou na faculdade.
Ao colocar a fotografia ao lado da anterior, no entanto, a série se formou em sua cabeça. “[Tive um sobressalto] ao me dar conta, visualmente, da passagem de um naco de tempo que todos nós prezamos, pelo qual medimos a vida, incorporado visualmente em duas fotografias diferentes”, contou o fotógrafo à curadora de fotografia do Museu de Arte Moderna (MoMA) de Nova York, Sarah Meister, em entrevista publicada pela última edição da revista de fotografia “Zum”. O número 10, publicado em abril, reproduz a série na íntegra, de 1975 a 2015.
Veja a série de fotos das irmãs Brown
“Essa segunda foto mostra as irmãs mais iguais, enquanto na primeira elas pareciam mais diferentes. Mas achei que tanto a primeira quanto a segunda tinham a sua verdade. E talvez eu tenha gostado da ideia de fazer parte de algo que ia além da minha capacidade. Acho que foi aí que a coisa começou”, explicou.
Ficou decidido que o grupo se reuniria anualmente para repetir o retrato, que seria sempre feito com as irmãs na mesma ordem, e com a regra de que apenas uma imagem seria escolhida para representar o ano. Nixon expôs as duas fotografias em uma mostra individual no museu já em 1976.
Na entrevista à curadora do MoMA, o fotógrafo também fala sobre a escolha do lugar para a última foto, de 2015, contou como são os momentos de tirar as fotografias ano a ano e falou sobre o futuro da série. Sua intenção é continuar a fotografar as irmãs Brown enquanto ele e pelo menos uma delas estiverem vivos.
Com um conceito aparentemente simples – que já inspirou inúmeras outras “séries” de fotografia familiar mundo afora –, a série é um retrato poderoso do envelhecimento, da mortalidade, da concretude do tempo, quer percebamos sua passagem ou não. Mas é também, conforme Nixon já disse, sobre a força da relação entre as irmãs, que vai ficando mais evidente com o tempo; as particularidades do relacionamento entre cada uma; a individualidade de Mimi, Laurie, Heather e Bebe; a relação de intimidade delas com o fotógrafo. Nada é dito sobre as histórias antecedem cada fotografia, cabendo ao espectador imaginá-las. E são elas que se refletem na lente de Nixon ano a ano, mais do que simplesmente a infalibilidade do tempo sobre marcas de expressão.












































