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Dezenas de pessoas ligadas às classes artísticas e teatral de São Paulo participaram de um ato de protesto contra a violência e em homenagem ao dramaturgo Mário Bortolotto, de 47 anos, na noite deste domingo (6) no Espaço Parlapatões, na Praça Roosevelt, no Centro de São Paulo. No mesmo local, Bortolotto foi baleado em uma tentativa de assalto às 5h30 de sábado (5). O ato foi encerrado às 21h50.

Depois de passar por três cirurgias, ele segue internado em estado grave na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) da Santa Casa de Misericórdia, também no Centro. Além dele, o ilustrador Carlos Carcarah também foi atingido por tiros e está internado no Hospital Sírio Libanês. A atriz Guta Ruiz, que estava no espaço cultural no momento do assalto, levou uma coronhada na cabeça.

Ao abrir o ato, por volta das 21h10, o ator e diretor Hugo Possolo, um dos idealizadores do Espaço Parlapatões, afirmou que Bortolotto é um dos símbolos da Praça Roosevelt, região que concentra vários teatros e espaços culturais. "Aqui (a Praça Roosevelt) deixou de ser violenta pela presença da arte e da vida boêmia. A gente tem que acender a luz, tem de ocupar o espaço, deixar o teatro cheio para que ele sobreviva", afirmou.

Em seguida, ele disse que as pessoas não podem julgar o ato do dramaturgo, que foi baleado após reagir ao assalto, atitude não recomendada pela polícia. "O Mário não é um cara violento. A gente não pode julgá-lo", disse.

A ideia do ato em homenagem a Bortolotto surgiu na manhã deste domingo, de acordo com Possolo. "Eu estava muito abalado pela manhã e preocupado com o estado de saúde do Mário quando um amigo me ligou e me disse que a gente tinha de contra-atacar. Mostrar que aqui não é lugar de desgraça. É lugar de graça e de alegria", completou. Em seguida, vários amigos leram textos de autoria de Bortolotto, sempre seguidos de muitos aplausos.

Trajetória de sucesso no teatro

Nascido em Londrina, no Paraná, Mário Bortolotto é um dos mais respeitados dramaturgos da cena teatral brasileira, autor de cerca de 27 montagens. Com textos modernos, que misturam elementos do rock, dos quadrinhos e do cinema, já foi premiado pelo conjunto de sua obra pela Associação Paulista dos Críticos de Arte (APCA), além de ter recebido o prêmio Shell de Teatro pelo espetáculo "Nossa vida não vale um Chevrolet", em 2008.

Bortolotto também é escritor e já lançou quatro livros: a coletânea de poesias "Para os inocentes que ficaram em casa" e os romances "Mamãe não voltou do supermercado", "Bagana na chuva" e "Atire no dramaturgo". Este último, lançado em 2006, reúne os textos que ele escreve em seu blog homônimo há 5 anos.

O autor também costuma se apresentar na noite paulistana com sua banda de rock, a Saco de Ratos Blues, que mistura poesia e canções pouco conhecidas de artistas como Itamar Assumpção e Cazuza.

Atualmente, no Espaço Satyros, na mesma praça Roosevelt, há uma peça de Bortolotto em cartaz, "A lua é minha". Com direção de Luis Eduardo Frin, o espetáculo conta a história de um artista plástico em crise e sua relação com uma jovem que se apresenta como musa.

O dramaturgo também é autor da peça "O natimorto", adaptação do romance de Lourenço Mutarelli, "A frente fria que traz a chuva" e "Getsêmani".

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