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Ary Barroso – Do Princípio ao Fim

Teatro Positivo – Grande Auditório (R. Prof. Pedro Viriato Parigot de Souza, 5.300). Dia 6 e 7 de junho, às 21 horas. Duração: 120 min. Classificação indicativa: 12 anos. Ingressos: R$ 85 e R$ 45 (meia-entrada).

  • Diogo Vilela dedicou três anos de pesquisa para criar o espetáculo. Na foto ao lado, Vilela contracena com Tânia Alves, que faz o papel da mulher de Barroso
  • Ícones da música popular brasileira, como Carmen Miranda (Luciana Bollina), estão no espetáculo

O ator carioca Diogo Vilela havia acabado de perder a mãe e estava, em suas próprias palavras, em "estado de luto", quando caiu-lhe nas mãos, há cerca de três anos, o livro Recordações de Ary Barroso (Editora MEC/Funarte, edição esgotada), de Mário de Moraes, que reúne as últimas entrevistas concedidas pelo autor de "Aquarela do Brasil" na primeira metade da década de 1960.

Embora conhecesse muitas das canções mais famosas do compositor de clássicos, como "Folha Morta", "Camisa Amarela" e "Na Baixa do Sapateiro", Vilela foi descobrindo, por meio da obra, a complexidade do artista como homem e sua relevância na história cultural do país "inestimável". "Ele era muito crítico, preocupado com o país, com o destino da cultura nacional", diz o ator, que se identificou de imediato com o ideário combativo de Barroso. "Eu também me pego às vez me fazendo essa pergunta: ‘E se o teatro no Brasil acabar?’".

Por conta da fragilidade emocional vivenciada por Vilela naquele momento de sua vida, o encontro inesperado com Barroso acabou exercendo um efeito curativo, pois, à medida em que o ator mergulhava na biografia do músico mineiro, nascido em Ubá no ano de 1903, ele foi descobrindo um personagem que ele gostaria de viver no palco. A exemplo do que ele já havia feito no passado com Nelson Gonçalves, no espetáculo Metralha, e Cauby Peixoto, no sucesso Cauby! Cauby!.

Para tornar realidade esse sonho, Vilela, 55 anos, dedicou três anos, entre pesquisas, produção do texto e produção do espetáculo. O resultado da empreitada, Ary Barroso – Do Princípio ao Fim, chega dia 6 ao palco do Teatro Positivo, para duas apresentações, sob a direção de Vilela e supervisão artística de Amir Haddad.

O musical, explica Vilela, reúne 19 das mais importantes canções de Barroso e tem como ponto de partida os últimos momentos de vida do compositor. Doente de cirrose hepática, consequência de seu alcoolismo, Barroso passou por nove comas e faleceu em 9 de fevereiro de 1964, aniversário de sua melhor amiga, a cantora e atriz Carmen Miranda, e dia no qual a escola de samba Império Serrano entrava na Avenida Presidente Vargas, no centro do Rio de Janeiro, para homenageá-lo em seu desfile de carnaval. "Ele parece ter esperado esse momento. Daí, virou para o lado e morreu", diz o ator.

O espetáculo, conta Vilela, é uma narrativa em espiral na qual acontecimentos fundamentais na vida de Barroso dialogam com suas criações, em um ir e vir no tempo, pontuado pelas composições. Entram em cena seu lendário programa A Hora do Calouro, transmitido durante anos pela Rádio Cruzeiro do Sul do Rio de Janeiro, no qual revelou e incentivou novos talentos musicais; sua ida a Hollywood, onde trabalhou com Walt Disney; sua experiência pioneira como locutor esportivo; e até mesmo sua incursão pela política – em 1946, Barroso candidatou-se e elegeu-se vereador no Rio de Janeiro, então Distrito Federal, pela UDN (União Democrática Nacional). Não conseguiu repetir o feito em 1950, abandonando a política. "Ele chegou a ser acusado de apoiar o Estado Novo de Getúlio Vargas e de compor canções ufanistas", diz Vilela.

Não poderiam faltar ao espetáculo, tampouco, ícones imortais da música popular brasileira, como Carmen Miranda (Luciana Bollina) e Aracy Cortes (Mona Vilardo), e astros dos palcos do cinema e do teatro época, como Grande Otelo e Alan Rocha. Tânia Alves, interpreta Ivone, esposa de Ary.

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