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Vídeo:| Foto: Reprodução RPC TV

Uma jovem viúva desafia seu pretendente, muito mais velho e rico, a não falar anexins por meia hora em troca de sua mão em casamento. Termo tão arcaico é bom traduzir em miúdos: anexins são ditados populares como "quem casa quer casa" ou "antes só do que mal acompanhado".

A moça é interpretada pela atriz Hermila Guedes (de O Céu de Suely e Cinema, Aspirinas e Urubus), que alterna-se no palco com outras três viuvinhas criadas pela pena do dramaturgo maranhense Arthur Azevedo (1855-1908), um dos mais profícuos de sua época.

Elas estão nas peças Amor de Anexins, Uma Consulta e O Oráculo, reunidos em um único ato por um grupo de atores e diretores de Recife que participam do projeto Aprendiz Encena.

O estado civil em comum das personagens dá nome ao espetáculo: As Três Viúvas de Arthur, comédia musical que participa da Mostra Oficial do FTC, com apresentações hoje e amanhã, às 20h30, no Guairinha.

Azevedo trouxe Amor por Anexins na bagagem quando, aos 18 anos, trocou São Luís pelo cenário cosmopolita da vida carioca.

O cotidiano buliçoso das ruas e das famílias da então capital do país serviriam de material para mais de 200 peças teatrais, em sua maioria comédias ligeiras, mas que nem por isso eram menos sarcásticas.

"Em todos os textos há uma escritura bem resolvida, criando tramas inteligentes e bem-humoradas, que satirizam a sociedade carioca, brasileira e universal e conseguem tocar tanto o espectador menos acostumado ao teatro, como os fiéis freqüentadores teatrais", conta Hilton Azevedo, produtor da peça.

Ele interpreta o noivo Nelson de O Oráculo, que pede os conselhos de um amigo experiente para se livrar da noiva, que lhe parece perfeita demais para lhe servir de esposa. Mas, a moça (Zuleika Ferreira) ouve a conversa e sabe converter o episódio em uma proposta de casamento.

A subversão da hierarquia diretor-ator é a tônica do trabalho de O Aprendiz Encena, projeto do Centro Apolo-Hermilo, da prefeitura de Recife. O elenco é formado por sete atores já consagrados da cena pernambucana e três diretores novatos: Kleber Lourenço, Cláudio Lira e Jones Melo (que está em Amarelo Manga, de Cláudio Assis). "Esta simbiose permitiu inovações e tratamentos baseados na experiência e ousadia", conta Hilton.

Todos do elenco cantam, inclusive solos que marcam a passagem de uma peça a outra, já que não há intervalo. No repertório, o consagrado cancioneiro nacional: Chiquinha Gonzaga, Sinhô, Ernesto Nazareth, Catulo da Paixão e Zequinha de Abreu. Músicas incidentais de Bach, Bizet, Chopin, Carlos Gomes e Wagner são executadas ao vivo, pelo maestro Deneil Laranjeira, responsável pela preparação das quase cem intervenções musicais que permeiam a montagem.

"Uma preparação confere charme ao espetáculo: em processo coletivo, todos ajudaram a criar letra e música para a vinheta que abre e fecha o espetáculo", conta Hilton. Ele justifica a exaustiva preparação vocal à homenagem feita a Arthur Azevedo, considerado o pai do teatro musicado no Brasil. "Sem querer ser cantores que atuam, tentamos ser atores que encantam, com muito trabalho e prazer pelo fazer teatral", finaliza.

Serviço: As Três Viúvas de Arthur. Guairinha (R. XV de Novembro, s/n.º), (41) 3304-7982. Dias 25 e 26 às 20h30. R$ 26 e R$ 13 (meia).

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