A cinebiografia O Senhor do Labirinto, sobre o artista plástico Arthur Bispo do Rosário (1911-1989), uma das estreias de hoje nos cinemas, não prima pela ambição. Pouco inventiva, limita-se a apresentar os fatos mais relevantes da vida do esquizofrênico que passou cerca de cinco décadas internado na colônia Juliano Moreira, no Rio de Janeiro.
Felizmente, Bispo do Rosário é um personagem fascinante. Tomado por uma obsessão religiosa que o fazia crer ser uma representação de Jesus, criou uma obra plástica intrigante, cheia de força expressiva, que acabou reconhecida fora do Brasil.
A partir da sucata disponível no manicômio, inventou um mundo paralelo voltado a Deus povoado por peças como mantos minuciosamente bordados, estandartes e miniaturas. Ao desconstruir os objetos originais, gesto de desconstrução simbólica do mundo dos homens "normais", gerou significados.
Trabalhando isolado em sua cela, ele se esquivou da truculência do sistema manicomial de então, em que práticas como o eletrochoque mal aplicado eram usuais. A arte o "redimiu" da desrazão do mundo, permitiu que o artista afrontasse a loucura.
Apesar do academicismo na forma de narrar, a extraordinária atuação do gaúcho Flávio Bauraqui (que encarna um Bispo do Rosário muito convincente, sem recorrer a estereótipos do louco como esgares e outros cacoetes) salva o filme.
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