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A cantora, compositora e violonista Badi Assad tem a música inscrita em seu código genético. O pai tocava bandolim e a mãe cantava. Seus irmãos mais velhos, os virtuosos violonistas Sérgio e Odair, para quem não sabe, formam o renomado Duo Assad, conhecidos internacionalmente.

Badi, no entanto, ainda não é muito conhecida no Brasil. Fez primeiro carreira internacional e agora tenta, pouco a pouco, conquistar o mercado nacional. Com essa intenção, acaba de lançar Wonderland. O disco foi lançado pelo selo alemão Deutsche Grammophon, com distribuição da Universal, o que confirma que a cantora continua de olho no estrangeiro. A cantora faz questão de dizer que espaço conquistado fora do Brasil tem de ser cuidado, pois é um grande trunfo para qualquer artista. Por isso, além da gravadora alemã, ela está com agente nos Estados Unidos.

O novo CD de Badi traz um repertório bonito, que fala dos problemas do mundo e da fragilidade do ser humano. Grande parte dos ótimos arranjos é assinada pelo irmão Sérgio e pela sobrinha Clarice.

A escolha das canções foi uma espécie de reflexo de um momento bastante difícil pelo qual estava passando na vida pessoal, quando começou a estruturar o CD. Grávida e no meio de uma turnê internacional, a cantora recebera a notícia de que a gravadora queria o trabalho pronto até o final do ano passado. A solução foi correr. Convidou, por e-mail, o respeitado Jacques Morelenbaum para assumir a produção do disco. No meio da turnê, uma fatalidade: Badi perdeu o bebê.

De volta ao Brasil, passou a garimpar canções, puxar outras da memória, acatar sugestões da gravadora, mas o momento difícil acabou tendo um papel determinante em suas escolhas.

Wonderland (título sugerido por Chico César) traz "Acredite ou Não" (de Lenine e Bráulio Tavares, do disco Olho de Peixe), que descreve um mundo bizarro e estranho. Também inclui o samba "A Banca do Distinto", samba de Billy Blanco que discute de forma incisiva o preconceito contra o pobre e o negro. Já "Black Dove", da compositora e cantora americana Tori Amos (uma das artistas prediletas de Badi), fala de um tema espinhoso: estupro. Do repertório de Zeca Pagodinho, entrou no disco "Vacilão", de Zé Roberto. A canção, sobre alcoolismo, acabou virando um blues, com participação do cantor Seu Jorge nos vocais.

Além de Seu Jorge, Wonderland conta ainda com a participação da poeta e atriz Elisa Lucinda recitando um fragmento da poesia "Libação", em A Banca do Distinto. Badi também se mostra como compositora em "O Que Seria?" e "Zoar" (parceria com Chico César). São suas únicas músicas dentro de um CD delicado e instigante que merece ser conferido com atenção. GGG

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