Grupo dinamarquês em ação: ritos de passagem.| Foto: Divulgação/

Dançar os ritos de passagem da sexualidade pareceria um espetáculo de sensualidade e força, mas o que o grupo dinamarquês Granhoj Dans trouxe a Curitiba não agradou a muitos. Metade do Guairinha foi embora no intervalo, deixando de conferir o que Double Rite tinha de melhor. Culpa da falta de informação por parte do evento, já que o guia de programação traz a duração do espetáculo como 60 minutos, e, durante o intervalo, não foi dado qualquer aviso sobre o retorno.

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Foi uma hora e alguns quebrados de apresentação para o elenco feminino e depois o mesmo para o masculino. A coreografia das mulheres optou por um simbolismo exacerbado, fazendo uso de rosas, toalhas, copos e calcinhas que realmente cansaram o olhar.

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Já os homens entraram com muito mais precisão, ideias simples sem tantas firulas, ainda que eles ilustrassem em alguns momentos sentimentos como decepção.

A redenção possível para a montagem passa pela música, uma releitura de A Sagração da Primavera, de Stravisnki, que embalou os passos do primeiro rompimento trazido pelo balé moderno, em 1913. Naqueles idos, a coreografia de Nijinski chocou pelo “corpo feio” dos bailarinos, a rejeição do preciosismo e graciosidade que imperavam na dança.

Lá falava-se de rituais pagãos, enquanto aqui trata-se de rituais de passagem da adolescência.

A primeira metade de Double Rite colocou em cena três pianos em que uma pianista tocou trechos da obra de Stravinski, inclusive enquanto era rodopiada sobre uma plataforma.

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Essa seria a primeira vez que os detentores dos direitos da obra musical permitem tamanhas alterações em sua sequência, incluindo muitos momentos de silêncio.

Varas e sapatilhas serviram de instrumentos de percussão.

Na versão masculina dos ritos de passagem, paus e palmas davam o ritmo e até a melodia da Sagração. Eles começaram com tudo, trazendo força e energia para um auditório que já se remexia nas cadeiras. Aos poucos, porém, também trouxeram uma representação ilustrativa demais da vida real, diminuindo a potência da obra.