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A imigração tornou-se tema social predominante no cinema europeu. Questões como o racismo, a intolerância e o que ainda resta de humanismo têm ocupado a atenção de cineastas, que as incorporaram a ficções que recuperam o realismo como linguagem predominante. A esse time, Bem-vindo traz um tanto de força e emoção.

O longa, sexto da carreira de repercussão limitada do francês Philippe Lioret, acompanha os desencontros nas vidas de Bilal, um jovem curdo que foge da Guerra do Iraque e tenta chegar clandestinamente à Inglaterra, e Simon, um depressivo professor de natação quarentão. A aproximação dos tipos díspares projeta sentidos simbólicos que o filme percorre com segurança e habilidade. Bilal encontra-se em Calais, maltratado por outros imigrantes clandestinos. Sua meta é alcançar Mina, garota por quem está apaixonado e que vive em Londres. Simon amarga o fim de seu casamento com Marion.

Simon primeiro trata a presença estrangeira de Bilal com pouca receptividade, mas, aos poucos, passa a acolhê-lo e termina perseguido por "delito de solidariedade", infração da legislação francesa que penaliza quem ajuda imigrantes ilegais. Os laços entre eles são, de um lado, paternais, mas também se fundam no espelhamento de ambos, isolados física ou sentimentalmente da mulher que amam. Contudo, ao concentrar o foco nas experiências pessoais, Bem-vindo esvazia a temática social que nutria o filme com um valor de atualidade.

Melodrama

A opção final de Lioret é de adesão ao melodrama, preferindo explorar as reações emocionais sem nos poupar de uma trilha sonora sentimentalíssima. A questão política e social tende a se diluir no mar de lágrimas em que o espectador fica a boiar. Há, claro, bastante beleza em tudo isso, só que às vezes ela ameaça se tornar demais.

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