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O documentarista curitibano Eduardo Baggio está desenvolvendo atualmente diversos trabalhos na área acadêmica relacionados a núcleos de produção de cinema. Desde o início de 2005, ele é o professor titular da disciplina Cinema do curso de Publicidade e Propaganda do UnicenP (Centro Universitário Positivo), que programa para o final do ano a apresentação de quatro curtas-metragens realizados por alunos. Ainda na mesma instituição, Baggio coordena um núcleo de cinema extensivo a estudantes de todos os cursos, que já realizou vídeos para o Festival do Minuto e vai produzir dois curtas em super-8 e câmera digital também neste fim de ano. Ele ainda organiza um núcleo de documentário na Universidade Federal do Paraná, juntamente com o professor Osvaldo Santos Lima, que deve começar a funcionar em 2006.

Dos três núcleos, a experiência mais estruturada no momento é a do curso de Publicidade do UnicenP, que está no quinto ano de produção, com 24 curtas realizados. Com coordenação de Evelline Lacerda, o núcleo tem uma parceria com a Deiró Filmes para a realização dos curtas-metragens dos alunos – os filmes são rodados em película 16mm e finalizados em vídeo. A produtora curitibana entra com uma equipe que executa todos os trabalhos técnicos dos filmes, como a parte elétrica e a maquinaria. Captação e edição de som e fotografia são desenvolvidos em parceria – a parte técnica pelo pessoal da produtora e o conceito pelos alunos. "As áreas em que os estudantes atuam sozinhos são as de direção de arte, produção, produção de locação e direção. Nessa última função, há uma supervisão minha e de um profissional da produtora, mas eles conseguem desenvolver o trabalho sozinhos, fazer a decupagem das cenas e a direção de atores", comenta Baggio.

O documentarista, que substituiu a cineasta Virgínia Grando no curso, conta que os alunos desenvolveram roteiros para curtas no primeiro semestre deste ano, em dupla ou trios. Foram selecionados quatro textos (um por turma) e Baggio determinou que cada filme tivesse dois diretores, um deles roteirista da produção. As outras funções das equipes foram distribuídas entre os demais estudantes, que se envolveram também com a produção executiva e marketing dos curtas. "Eles buscaram alguns apoios e permutas para locação, objetos e figurinos. Em alguns casos, foram conseguidas verbas mesmo", informa Baggio, lembrando que os estudantes também selecionaram os atores das produções. Segundo ele, os alunos se envolveram completamente com as filmagens: "Na última, realizado no fim de semana passado, passamos 17 horas no set no sábado e mais 16 horas no domingo. Isto fora o tempo gasto com ensaios, visitas de locação, decupagem das cenas."

Os alunos, principalmente os responsáveis pela direção, também devem aprender a trabalhar com a limitação de película – cada equipe recebe três rolos de 16mm (cerca de 33 minutos de filme), que são usados para realizar um curta com a duração entre seis e sete minutos. "Isso força muito a preparação, ter a decupagem precisa, tomar decisões. Eles tiveram que fazer escolhas, se faziam mais takes ou não de determinada cena", observa Baggio.

"Coordenar gente é muito difícil. Quando você vê, já está tudo uma zorra, cada um indo para um lado, e o ator fica te olhando com aquela cara, esperando você indicar o que ele deve fazer. O assistente de direção quer rodar a cena de uma vez. Mas depois dá tudo certo. É só deixar passar o nervosismo inicial", comenta Larissa Guimarães, uma das diretoras do curta Esperando Mariana. "Nenhuma aplicação teórica substitui o aprendizado que tivemos em um final de semana. Tivemos uma ótima preparação em sala de aula, mas existem coisas que só vivenciando para aprender", completa Marcela de Masi, do filme Caixinha das Coisas de Que Não Gosto.

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